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Estratégias<br />
Diante do desconforto do silêncio – que eu insisto em suportar – comecei a dar conotações<br />
positivas para estes momentos, valorizando-os como oportunidades de pausa e reflexão. Acrescento<br />
algumas vezes uma frase conhecida - “Amigo é aquele com quem você se sente bem até<br />
em silêncio” – aproveitando para dizer que, se é possível ficar em silêncio, também é possível<br />
compartilhar alguns pensamentos e vivências que me perturbam, desde que me seja confortável<br />
esta partilha.<br />
No entanto, sempre aposto na utilização do Acolhimento como campo preparatório para a Escolha<br />
do Tema. Com a vantagem de ir conhecendo o perfil de cada equipe, eu e Gilson pensamos<br />
em dinâmicas que ajudem a trazer os temas à tona e às vezes levamos materiais de desenhos<br />
para desenhos temáticos, por exemplo. Levamos também contos de fadas e outras histórias,<br />
propomos a técnica da escultura e a dinâmica do telefone sem fio, que sempre ajuda a se tocar no<br />
assunto da fofoca – um dos temas que mais aparecem. A dinâmica chamada “Que bichinho meu<br />
colega seria?” dá abertura para falarmos um do outro com respeito e aprofundarmos as relações,<br />
construindo um ambiente mais íntimo.<br />
Temas Mais Frequentes<br />
Os quatro mais freqüentes são: a fofoca, a traição, os conflitos de opinião sobre o trabalho<br />
e as condições precárias de trabalho. Estes, quando aprofundados, sugerem outros, tais como:<br />
• Dificuldade no entendimento sobre o que é o PSF (tanto da equipe quanto da comunidade).<br />
Fica bem claro em todas as equipes a necessidade de maior cuidado no momento de<br />
implantação do Programa, principalmente quando o posto já era utilizado como posto de saúde<br />
convencional. É extremamente difícil explicar para a comunidade que naquele posto não se<br />
atende mais emergências e outras especificidades do Programa Saúde da Família sem haver uma<br />
prévia explicação pública por parte das autoridades.<br />
• Indicações políticas para os cargos (principalmente de agentes comunitários de saúde<br />
- ACSs). Por causa disto, muitos funcionários vão trabalhar sem saber onde estão pisando exatamente.<br />
Alguns encaram o trabalho como “bico” e não veem a proporção de sua responsabilidade.<br />
Confiando em seus “padrinhos” – os vereadores que lhes arranjaram tal emprego – atuam no<br />
posto como se fosse um posto de saúde convencional e não dão valor à promoção de saúde. Isto<br />
gera muitos conflitos com aqueles que têm uma visão mais clara do Programa.<br />
• Relação comunidade-equipe: demandas indevidas. Pela falta de conhecimento sobre o<br />
Programa, a comunidade traz demandas que não são da alçada dos ACSs nem dos médicos ou<br />
demais funcionários.<br />
• Educação em saúde feita pelos médicos e enfermeiros nas consultas individuais. A comunidade<br />
não é muito acostumada a ver um médico em uma palestra ou o enfermeiro na sala de<br />
espera e algumas pessoas entendem que eles estão querendo fugir do trabalho, chegando a fazer<br />
denúncias à Secretaria de Saúde. Assim resta a estes profissionais tratar as questões de prevenção<br />
e promoção de saúde em seu consultório, nas consultas individuais – o que toma muito do<br />
seu tempo.<br />
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