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Um bosque perto de si - Ciência Viva

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partir do século XIX, as montanhas foram artificialmente rearborizadas<br />

com pinheiro-bravo, dando origem a áreas contínuas <strong>de</strong> pinhal. Este tipo<br />

<strong>de</strong> floresta <strong>de</strong> produção mono-específico (apenas uma espécie arbórea,<br />

o pinheiro-bravo) é <strong>de</strong> muito menor biodiver<strong>si</strong>da<strong>de</strong> do que a fago<strong>si</strong>lva.<br />

Durante a segunda meta<strong>de</strong> do século XX houve um enorme aumento <strong>de</strong>ste<br />

tipo <strong>de</strong> floresta, mas <strong>de</strong>sta vez com eucaliptais, que têm a <strong>de</strong>svantagem <strong>de</strong><br />

serem ecos<strong>si</strong>stemas antrópicos com muito menor biodiver<strong>si</strong>da<strong>de</strong> do que<br />

os pinhais, sobreirais e azinhais.<br />

Além disso, a introdução <strong>de</strong> plantas alelopáticas e heliófitas, <strong>de</strong> que são<br />

exemplo as acácias, levou a que os nichos ecológicos <strong>de</strong>sarborizados<br />

fossem ocupados por essas plantas que, <strong>de</strong>vido à sua alelopatia, são <strong>de</strong><br />

baixís<strong>si</strong>ma biodiver<strong>si</strong>da<strong>de</strong>. Devido aos incêndios e à ação humana, parte<br />

das nossas montanhas e algumas zonas ribatejanas e alentejanas estão<br />

transformadas em formações plenas <strong>de</strong> invasoras como eucaliptais<br />

(Portugal tem, atualmente, a maior área <strong>de</strong> eucaliptal da Europa), pinhais,<br />

alguns sobreirais, poucos azinhais e acaciais, com algumas montanhas<br />

já transformadas em zonas <strong>de</strong>sérticas, plenas <strong>de</strong> pedregulhos. Se<br />

continuarmos teimosamente a ignorar a <strong>si</strong>tuação, caminharemos para<br />

uma diminuição drástica da biodiver<strong>si</strong>da<strong>de</strong> florestal e, rapidamente, para<br />

um amplo <strong>de</strong>serto <strong>de</strong> pedras montanhoso, com as planícies e o litoral<br />

transformados num imenso acacial.<br />

A presente coletânea <strong>de</strong> trabalhos efetuados por alunos <strong>de</strong> escolas do<br />

en<strong>si</strong>no bá<strong>si</strong>co e secundário, coadjuvados pelos respetivos professores<br />

e com o apoio da Ciência <strong>Viva</strong> e <strong>de</strong> especialistas, é um mostruário das<br />

observações, investigação aplicada e conhecimento da relevante<br />

biodiver<strong>si</strong>da<strong>de</strong> dos diversos ecos<strong>si</strong>stemas-relíquia que ainda existem em<br />

Portugal. Com esta publicação, os alunos e os docentes que colaboraram<br />

no projeto, po<strong>de</strong>rão complementar os conhecimentos adquiridos na<br />

elaboração dos respetivos trabalhos, através do acesso às informações<br />

recolhidas e trabalhadas pelos seus colegas no estudo <strong>de</strong> diferentes<br />

ecos<strong>si</strong>stemas florestais.<br />

É extremamente importante a continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> projetos como este, que<br />

já conta com duas edições, não só pelo po<strong>de</strong>r que têm <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar e<br />

mudar atitu<strong>de</strong>s, como também por criarem em todos os intervenientes,<br />

particularmente nos jovens, uma vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> agir que será essencial para o<br />

futuro da vivência da espécie humana.<br />

12 13<br />

Jorge Paiva<br />

Centro <strong>de</strong> Ecologia Funcional, Univer<strong>si</strong>da<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra

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