Prosa - Academia Brasileira de Letras
Prosa - Academia Brasileira de Letras
Prosa - Academia Brasileira de Letras
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>Prosa</strong><br />
Nabuco republicano<br />
Geraldo Holanda Cavalcanti<br />
Referindo- se à sua estada na França entre 1873 e 1874,<br />
diz Nabuco, em Minha formação 1 : “Na própria política eu<br />
achava- me dividido pela mais positiva dualida<strong>de</strong> que se pu<strong>de</strong>sse dar.<br />
De sentimento, <strong>de</strong> temperamento, <strong>de</strong> razão, eu era um tão exaltado<br />
partidário <strong>de</strong> Thiers como qualquer republicano francês; pela imaginação<br />
histórica e estética era porém legitimista”. E, mais adiante:<br />
“Eu era como político francamente thierista, isto é, em França, <strong>de</strong><br />
fato republicano. Isto não quer dizer, porém, que me sentisse republicano<br />
<strong>de</strong> princípio, pelo contrário” 2 . E se justifica dizendo que<br />
a Terceira República na França “foi uma transação <strong>de</strong> estadistas<br />
monárquicos”, diante da perspectiva <strong>de</strong> uma mudança <strong>de</strong> regime<br />
pela revolução. Isso Nabuco toma como uma lição que lhe reafirma<br />
o sentimento monárquico. “O gran<strong>de</strong> efeito sobre mim – continua<br />
– (...) era dar- me uma gran<strong>de</strong> prova experimental <strong>de</strong> que a forma<br />
<strong>de</strong> governo não é uma questão teórica, porém prática, relativa, <strong>de</strong><br />
Ocupante da<br />
Ca<strong>de</strong>ira 29<br />
na <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong><br />
<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Letras</strong>.<br />
1<br />
Minha formação, p. 62.<br />
2<br />
Ibid, p. 64.<br />
73