25.11.2014 Views

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Izacyl Guimarães Ferreira<br />

Seguem- se imagens e recordações sexuais explícitas, sem perda alguma do<br />

padrão expressivo do poema; ao contrário, dando- lhe mais vida:<br />

a lembrança da menina<br />

que sorria entre os caniços,<br />

abrindo- me as coxas lívidas<br />

que ardiam como dois círios<br />

à escura soleira do hímen.<br />

Passa da infância às viagens numa extensa geografia também cultural, dos<br />

rios <strong>de</strong> poetas e reis e músicos, quando clama “Ó rios <strong>de</strong> minha vida” ou diz<br />

ainda, fazendo seu qualquer rio...<br />

Ó Tejo, ó tági<strong>de</strong>s minhas!<br />

Ó Camões sôbolos rios<br />

que por Babilônia singram<br />

e sangram todo o lirismo<br />

<strong>de</strong> quem vive e morre a língua!<br />

Ó rio que viu Ulisses<br />

fundar a velha Olisipo,<br />

que <strong>de</strong>pois Lisboa vira,<br />

muito embora não o digam<br />

a Odisseia e a Ilíada!<br />

Retorna ao fluir pessoal para nos dizer, quase encerrando o discurso <strong>de</strong> sua<br />

hidrografia, que entretanto nos <strong>de</strong>ixará em dúvida até os versos finais.<br />

<strong>de</strong>scobri enfim o enigma<br />

do que chamam ars antiqua,<br />

142

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!