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Prosa - Academia Brasileira de Letras

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Leslie Bethell<br />

Nabuco <strong>de</strong>dicou muito <strong>de</strong> seu tempo em Londres à causa abolicionista.<br />

Participou das reuniões mensais da British and Foreign Anti- Slavery Society<br />

nos seus escritórios da Socieda<strong>de</strong>, na New Broad Street, perto da Muralha <strong>de</strong><br />

Londres. E, juntamente com Charles Allen, o secretário da Society, montou<br />

um eficiente aparato <strong>de</strong> propaganda antiescravista. Nabuco forneceu informações<br />

a Allen, que, por sua vez, lhe assegurou cobertura máxima na imprensa<br />

britânica, especialmente no Times, <strong>de</strong> enorme influência tanto <strong>de</strong>ntro quanto<br />

fora da Inglaterra, e não menor no Brasil. O Times revelou- se claramente a<br />

favor da abolição no Brasil. Nabuco o consi<strong>de</strong>rava “a voz da civilização”. 8<br />

Em julho <strong>de</strong> 1882, Nabuco enviara, sem sucesso, projeto <strong>de</strong> lei ao Parlamento<br />

Brasileiro solicitando “a total abolição da escravidão, seja imediata ou<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> curto prazo, a ser <strong>de</strong>finido imediatamente”, in<strong>de</strong>nizando- se, porém,<br />

os senhores <strong>de</strong> escravo. Ele preparou conferências para o encontro do Instituto<br />

<strong>de</strong> Direito Internacional, realizado em Turim em setembro <strong>de</strong> 1882. Participou<br />

do Congresso Jurídico Internacional, em Milão, em setembro <strong>de</strong> 1883. E no<br />

Museu Britânico e na biblioteca <strong>de</strong> Richard Cob<strong>de</strong>n, em Brighton, colheu material<br />

para o livro O abolicionismo. “Sou homem <strong>de</strong> um só i<strong>de</strong>ia”, disse a Penedo<br />

em outubro <strong>de</strong> 1882, “mas não me envergonho <strong>de</strong>ssa estreiteza mental porque<br />

essa i<strong>de</strong>ia é o centro e a circunferência do progresso brasileiro” 9 . O abolicionismo<br />

foi publicado em Londres em agosto <strong>de</strong> 1883. Foi em geral consi<strong>de</strong>rado como<br />

um dos três melhores trabalhos <strong>de</strong> Nabuco, juntamente com os três volumes<br />

da biografia <strong>de</strong> seu pai, Um estadista do Império, e Minha formação.<br />

Concomitantemente, Nabuco prestou assessoria jurídica às empresas britânicas<br />

com investimento no Brasil, muitas das quais a ele chegaram por intermédio<br />

<strong>de</strong> Penedo. Seu cliente mais importante era a Central Sugar Factories<br />

of Brazil, Ltda, estabelecida em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1881 sob concessão concedida<br />

8<br />

Nabuco foi frequentemente criticado pelos a<strong>de</strong>ptos da escravidão no Brasil pela falta <strong>de</strong> patriotismo<br />

em expor os males da escravatura aos estrangeiros e em encorajar britânicos e europeus a interferir nos<br />

assuntos domésticos do país. Ele sempre respondia que o verda<strong>de</strong>iro patriotismo consistia em elevar<br />

o Brasil, por quaisquer meios, ao nível do mundo civilizado. Ver “Introdução”, Bethell & Carvalho.<br />

Op. cit..<br />

9<br />

Nabuco a Penedo, 4 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1882 (<strong>de</strong> Brighton). Cartas a amigos, vol. I, p. 73.<br />

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