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Prosa - Academia Brasileira de Letras

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Nelson Saldanha<br />

entre as duas “gran<strong>de</strong>s guerras” do século XX (1914-18 e 1939-45) veio a<br />

elaboração da sociologia-do-conhecimento, e com ela um pensar pessimista,<br />

bem como a referência ao “fim da história”, i<strong>de</strong>ia expressada sob diferentes<br />

formas por Hegel, por Marx, por Nietzsche e por Spengler. A junção <strong>de</strong>stes<br />

problemas permite reconsi<strong>de</strong>rar este trecho histórico – aquele que vai mais ou<br />

menos <strong>de</strong> Hegel (1770-1831) até a segunda Guerra Mundial (1939-1945):<br />

e também reconsi<strong>de</strong>rar, no mesmo trecho, a confirmação da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> filosofia<br />

como consciência histórica, que aparece inclusive em certas páginas <strong>de</strong> Antero<br />

<strong>de</strong> Quental 4 . Faz parte da filosofia, necessariamente, ser um conhecimento<br />

crítico <strong>de</strong> sua própria situação histórica, sobretudo se com isto ela se dá conta<br />

da evolução das situações: as situações que ocorrem <strong>de</strong>ntro das épocas. E<br />

aí entram em cena as relações da filosofia – sempre como consciência crítica<br />

– com a religião e a ciência, e a arte também, por conta dos respectivos<br />

caminhos e das respectivas angulações. Destarte a filosofia, convivendo com<br />

a teologia (e/ou a religião) e com a ciência, e não se reduzindo à metafísica<br />

(embora tendo nesta seu cerne principal), transforma-se aos poucos em reconhecimento<br />

histórico <strong>de</strong> si própria 5 . Em Hegel teve-se a Filosofia como<br />

história da filosofia, mas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> enunciados prévios e pouco historiográficos;<br />

temos agora, ou po<strong>de</strong>mos ter, a reelaboração dos momentos do filosofar,<br />

os “mo<strong>de</strong>rnos” sobretudo, como tarefa e obra das diversas gerações que<br />

refletiram sobre o homem e seu pensar como ocorrências históricas, e sobre a<br />

historicida<strong>de</strong> como modo essencial das coisas humanas 6 .<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente estes tópicos implicam uma pergunta básica sobre o que<br />

é o histórico, valendo enten<strong>de</strong>r-se como: em que consiste o histórico como<br />

4<br />

Cf. nosso estudo “Filosofia e consciência histórica em Antero <strong>de</strong> Quental”. In: Anais do<br />

Colóquio Antero <strong>de</strong> Quental. Aracaju: edição da Fundação Augusto Franco, 1993.<br />

5<br />

Cf. Saldanha, Nelson. Teológico, metafísico e positivo. Rio <strong>de</strong> Janeiro: <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Letras</strong>, 2010.<br />

6<br />

Cabe reconhecer que uma conceituação que remeta ao caráter histórico do homem e das<br />

coisas humanas po<strong>de</strong> ter algo <strong>de</strong> truísmo e <strong>de</strong> obvieda<strong>de</strong>. Mas ao mesmo tempo é um convite<br />

a uma constante revisão da filosofia e da história, um convite que só se formula <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

épocas envelhecidas. Estes tópicos foram revistos, entre outros por Ernst Troeltsch, em seu<br />

livro Der historismus und seine rrobleme. (Tübingen, 1922).<br />

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