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gerais. - Roteiro Brasília

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Gougon começa a abrir seu<br />

baú de recordações.<br />

A partir daí, Brasília começa<br />

a se imiscuir em sua vida<br />

e em sua história, sempre<br />

de uma forma muito rica<br />

surpreendente. Na semana<br />

em que ele aqui chegou,<br />

havia sido descoberto um<br />

veio de cristal de rocha em<br />

Cristalina e Brasília estava em<br />

polvorosa. Notícias de pessoas<br />

que enriqueciam em um dia,<br />

descobrindo riquezas à flor<br />

da terra, fizeram até parte<br />

do comércio da W3 fechar,<br />

pois os comerciantes também<br />

queriam participar dessa nova<br />

"busca do ouro".<br />

“Eu havia acabado<br />

de chegar e estava na<br />

extinta Feub, esperando<br />

o presidente chegar para<br />

solicitar alojamento, quando<br />

a diretoria resolveu que todos<br />

que ali estavam deveriam ir<br />

minerar em Cristalina. Já<br />

que estava tão fácil para todo<br />

mundo, imaginem o que um<br />

grupo de estudantes bem<br />

dispostos não encontraria.<br />

Somente quatro dias depois,<br />

por precisarem de nós para<br />

a passeata dos calouros, é<br />

que uma camionete foi nos<br />

buscar no local da mineração,<br />

esfomeados, sujos, cansados e sem<br />

nenhum mineral. Foi essa minha<br />

entrada em Brasília”, recorda Gougon.<br />

Em 1967, já cursando comunicação,<br />

Gougon ingressa no Correio Braziliense<br />

pelas mãos de Ari Cunha. “Foi uma<br />

outra coisa surpreendente. Eu fui<br />

ao Correio pedir estágio e na porta<br />

do jornal perguntei a um senhor<br />

que estava lá parado onde poderia<br />

encontrar o Ari Cunha, que eu só<br />

conhecia de nome. Ele me disse:<br />

Sou eu, o que deseja Falei que fazia<br />

jornalismo e que buscava um estágio.<br />

Ele pôs a mão em meu ombro e disse:<br />

então venha, garoto, vamos começar.<br />

Foi assim”.<br />

Daí em diante, Gougon não<br />

parou mais de trabalhar em jornais e<br />

emissoras de televisão, como jornalista<br />

e como chargista. Naqueles tempos de<br />

pouca conversa e muita repressão, ele<br />

fez Brasília inteira sorrir das próprias<br />

tristezas e das coisas da política, tanto<br />

nas páginas dos jornais como nos<br />

noticiários televisivos.<br />

“Naquele tempo não havia os<br />

recursos da computação atuais. Então<br />

era na criatividade mesmo. Eu fiz um<br />

quadrado de madeira, colava em cima<br />

papel vegetal e, em frente à câmera,<br />

ia desenhando. Para o telespectador<br />

só apareciam os traços surgindo da<br />

pontinha da caneta. Era uma surpresa e<br />

um barato”, relembra.<br />

Enquanto trabalhava em jornais<br />

de respeito como O Estado de S. Paulo,<br />

Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Estado<br />

de Minas, Gougon mantinha<br />

um olho na arte, estudando<br />

desenho, gravura, litogravura,<br />

gravura em metal. Até que,<br />

em 1990, resolveu dedicar-se<br />

ao mosaico, dando início a<br />

um novo ciclo em sua vida.<br />

“O mosaico é uma forma de<br />

arte que começou há cinco<br />

mil anos, na Suméria, e<br />

encanta a humanidade até<br />

hoje”, afirma.<br />

Nos últimos 16<br />

anos, Gougon vem<br />

trabalhando com mosaico,<br />

experimentando, misturando<br />

e fazendo arte do jeito que<br />

deve ser feito, com amor<br />

e prazer. Essa paixão pela<br />

chamada arte musiva só<br />

cresceu com o tempo e hoje<br />

ele é um dos artistas do<br />

mosaico mais conhecidos no<br />

Distrito Federal e no resto do<br />

país.<br />

Desde o início do ano<br />

ele busca patrocínio para seu<br />

livro Presença da Arte Musiva<br />

no Brasil, que tem cerca de<br />

300 páginas e prefácio de<br />

Ferreira Gullar. O livro<br />

traz muitas curiosidades,<br />

tais como os trabalhos<br />

desenvolvidos em mosaico<br />

por Ariano Suassuna e peças<br />

datadas do século XIX,<br />

encomendadas pela esposa de Dom<br />

Pedro II, que se encontram no Rio<br />

de Janeiro. “Minha questão agora é<br />

conseguir patrocínio através da Lei<br />

Rouanet e publicar o livro. O mais<br />

difícil já foi feito”.<br />

Aos 60 anos, pai de dois filhos e<br />

casado pela segunda vez, esse morador<br />

da 712 Sul adora caminhar, mas dribla<br />

os horários e os roteiros: “Eu não gosto<br />

de ficar repetindo caminhos, sou assim<br />

meio errático de rumos e horas”,<br />

filosofa.<br />

Brasiliense que é brasiliense curte<br />

almoçar com os amigos às sextas e<br />

Gougon não foge à regra: “Eu e minha<br />

turma de colegas jornalistas gostamos<br />

de mudar de paladar, daí procurarmos<br />

sempre variar. Às vezes vamos ao<br />

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