gerais. - Roteiro Brasília

de Tokyo Godfathers. Em Paprika, Kon
faz uma adaptação de uma novela de
ficção-científica de Yatsutaka Tsutsui
sobre um psiquiatra que se utiliza de
alta tecnologia para estudar a mente
humana. Esse psiquiatra inventa uma
máquina que permite entrar nos sonhos
dos pacientes, recurso narrativo que
dá ao filme um aspecto visual muito
interessante.
Com seus 35 longas, a mostra
Preview é um regalo. Produções tão
distintas entre si quanto Neil Young:
Heart of Gold, do americano Jonathan
Demme (de Totalmente Selvagem e
O Silêncio dos Inocentes), enfocando
concertos que o astro do rock
contracultural dos anos 60 deu em
Nashville, em 2005, depois de saber
que estava com um aneurisma cerebral;
Half Nelson, de Ryan Fleck, também
uma produção norte-americana, sobre
um professor idealista que tem uma
vida privada secreta que pouco a pouco
vai se tornando conhecida; e Time, de
Kim Ki-Duk, sobre uma bela mulher
obcecada pela aparência. O tema deste
filme do importante diretor sul-coreano
não poderia ser mais atual: convencida
de que não era tão linda assim e
que, por essa razão, seu namorado
se interessava por outras, ela passa a
considerar que só uma cirurgia plástica
pode resolver seus problemas. Insólito
também, como sempre, é o assunto de
Volver, o último Almodóvar, também
presente em Preview, uma comédia
leve enfocando duas irmãs convencidas
de que o elo familiar não se extingue
depois da morte.
Na competição oficial, despontam
produções dos mais diversos países,
como, por exemplo, Tsotsi, do sulafricano
Gavin Wood, drama de um
adolescente delinqüente (tsotsi é uma
gíria local para pessoas de rua que levam
uma vida de crime) que desenvolve
um inesperado lado paternal. A
Argélia, com suporte da França, está
presente com Dias de Glória, de Rachid
Bouchareb, filme que trata do tema tabu
– para os franceses – da contribuição
dos soldados recrutados no norte
da África para lutar pela França na
Segunda Guerra Mundial. A poderosa
37 Utilidades para uma Ovelha Morta
cinematografia norte-americana e a
sólida italiana se fazem presentes com
as últimas produções do inglês Ridley
Scott, Um Bom Ano, e Roberto Benigni,
O Tigre e a Neve, fábula que tem como
pano de fundo a Guerra do Iraque mas
que recebe de Benigni um tratamento de
sonho, de conto de Mil e Uma Noites.
Sensações do momento, como os
cinemas argentino e iraniano, também
se fazem presentes. Nossos vizinhos do
sul participam com Aura, de Fabián
Bielinsky, o talentoso diretor de Nove
Rainhas precocemente falecido em
junho deste ano, e Fora de Jogo, de Jafar
Panahi. Neste último, o autor de O
Espelho e O Balão Branco se debruça
sobre a curiosíssima paixão do futebol
em seu país, paixão interditada às
A Morte do Falcão
mulheres que não podem freqüentar
os estádios. Como sempre na fronteira
entre o documentário e a ficção, Panahi
veste um casal de mulheres como
homens e acompanha as duas na partida
eliminatória para a Copa do Mundo do
Irã contra o Bahrein. As fãs mulheres
que vemos não são atrizes profissionais,
assim como os policiais que as tomam
sob custódia durante o jogo.
Outros destaques do FIC são as
mostras informativas. Um dos pais do
neo-realismo italiano, Luchino Visconti,
terá 12 de seus filmes exibidos numa
ótima retrospectiva que inclui a obraprima
Rocco e Seus Irmãos e o há tempos
desaparecido Os Deuses Malditos. Por
ocasião da mostra, será lançado o livro
Luchino Visconti, Um Diretor de Outro
Mundo, obra que inaugura uma nova
coleção editada pelo Cine Academia,
a 35mm. Ao contrário dos Cadernos
Cine Academia, voltados para o cinema
nacional, a série 35mm estará aberta a
realizadores, atores e atrizes do cinema
internacional. O FIC 2006 também
homenageia o grande cômico brasileiro
Oscarito, apresentando seis impagáveis
chanchadas com o inesquecível parceiro
de Grande Otelo.
Festival Internacional de
Cinema de Brasília (FIC)
De 1 a 9 de novembro, no Cine Academia
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