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Emergentes<br />
Para ter maior<br />
papel, os<br />
emergentes<br />
precisam pôr<br />
dinheiro…<br />
Índia: a<br />
afluência<br />
ameaçada<br />
pelo déficit<br />
AP/Image Plus<br />
forças na economia internacional.<br />
Mesmo as<br />
tentativas de reorganização<br />
do sistema financeiro<br />
global em torno<br />
do G-20 não deverão<br />
provocar transformações<br />
concretas.<br />
O professor Silber<br />
acredita que simplesmente<br />
não há quem possa ocupar o<br />
papel dos Estados Unidos de líder da<br />
economia global, e nem há real interesse<br />
por parte de qualquer país em<br />
assumir o posto. Para ele, é também<br />
prematuro imaginar uma espécie de<br />
Bretton Woods 2, porque o contexto<br />
de então e o de agora são totalmente<br />
diferentes. A conferência e os acordos<br />
financeiros de Bretton Woods foram<br />
possíveis no pós-guerra, em um<br />
cenário em que a Europa e o Japão<br />
estavam completamente destruídos,<br />
os Estados Unidos tinham grande<br />
quantidade de recursos disponível e<br />
havia a ameaça da União Soviética na<br />
fronteira oriental da Europa.<br />
Tudo isso possibilitou que os Estados<br />
Unidos colocassem suas propostas<br />
na mesa, e aos demais países<br />
ocidentais coube aceitá-las porque<br />
não tinham outra opção. Mas hoje os<br />
Estados Unidos estão em outra situação<br />
e a Europa e o Japão buscam seus<br />
próprios meios de contornar a crise.<br />
Outros fatos da vida real tornam<br />
frágil a hipótese de os emergentes<br />
ganharem preeminência e até compartilharem<br />
liderança em meio à tormenta.<br />
Os mais evidentes: os países<br />
desenvolvidos não querem que os<br />
países em desenvolvimento ganhem<br />
espaço político; o Japão não gostaria<br />
de competir na Ásia com uma China<br />
ainda mais poderosa; a União Européia,<br />
que busca se fortalecer no âmbito<br />
de suas características<br />
transnacionais,<br />
não pretende<br />
perder importância<br />
em detrimento do<br />
grupo BRIC e demais<br />
emergentes.<br />
Resta o fato concreto<br />
de que, como<br />
lembra o professor<br />
Silber, não basta a retórica:<br />
um aumento do<br />
papel dos países emergentes<br />
estaria naturalmente<br />
condicionado a um aumento<br />
das responsabilidades, como contribuir<br />
<strong>para</strong> a recapitalização do FMI e<br />
do Banco Mundial. Com que dinheiro?<br />
Mesmo a China reluta em ter<br />
um papel destacado na crise e tem<br />
tido atuação extremamente discreta,<br />
apesar de suas enormes reservas.<br />
Assim, seria mais adequado falar em<br />
uma nova cultura de ações coordenadas<br />
dos bancos centrais do que de<br />
reestruturação do sistema financeiro<br />
internacional.<br />
Oportunidades?<br />
Como se diz, crises trazem riscos<br />
e oportunidades, mas os emergentes,<br />
muito heterogêneos, reagem<br />
de modo diferente a ambos. Alguns<br />
países já começaram a passar dificuldades:<br />
a Turquia tem sentido de<br />
forma contundente os efeitos da crise.<br />
Países da Europa Oriental como<br />
Hungria e Ucrânia tiveram de pedir<br />
socorro ao FMI.<br />
Se focarmos apenas no grupo<br />
BRIC, <strong>para</strong> ficar nos emergentes mais<br />
importantes, é fácil constatar que<br />
também são muito distintos entre si<br />
e absorvem a crise de forma diferente.<br />
A única coisa que compartilham<br />
é a certeza de que nenhum escapará<br />
incólume da crise. Conforme notou<br />
o embaixador Rubens Ricupero (leia<br />
entrevista na pág. 40), os emergentes<br />
já estão sendo atingidos de diferentes<br />
maneiras. A Rússia está indo muito<br />
mal, com problemas muito graves em<br />
razão da vertiginosa queda do preço<br />
do petróleo e do gás. A Índia está com<br />
problemas em razão de importantes<br />
déficits em conta corrente. O Brasil<br />
também não está numa posição brilhante,<br />
com problemas no câmbio e<br />
sem mercado e preço <strong>para</strong> suas commodities.<br />
Para Ricupero, o único país<br />
muito sólido é a China. Por isso, em<br />
sua opinião, “emergente só tem um<br />
mesmo, a China”.<br />
O professor Hélios Herrera acha<br />
que, em vez de proporcionar aos<br />
emergentes um papel de destaque, a<br />
crise vai é pôr à prova sua resistência<br />
a crises exógenas – pelo menos a curto<br />
prazo. A vulnerabilidade dos países<br />
emergentes em relação à retração das<br />
economias centrais e sua dependência<br />
de alavancagem financeira ainda<br />
são importantes, segundo Herrera. E<br />
países exportadores de commodities,<br />
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