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Edição 06 clique aqui para download - Revista PIB

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Emergentes<br />

Para ter maior<br />

papel, os<br />

emergentes<br />

precisam pôr<br />

dinheiro…<br />

Índia: a<br />

afluência<br />

ameaçada<br />

pelo déficit<br />

AP/Image Plus<br />

forças na economia internacional.<br />

Mesmo as<br />

tentativas de reorganização<br />

do sistema financeiro<br />

global em torno<br />

do G-20 não deverão<br />

provocar transformações<br />

concretas.<br />

O professor Silber<br />

acredita que simplesmente<br />

não há quem possa ocupar o<br />

papel dos Estados Unidos de líder da<br />

economia global, e nem há real interesse<br />

por parte de qualquer país em<br />

assumir o posto. Para ele, é também<br />

prematuro imaginar uma espécie de<br />

Bretton Woods 2, porque o contexto<br />

de então e o de agora são totalmente<br />

diferentes. A conferência e os acordos<br />

financeiros de Bretton Woods foram<br />

possíveis no pós-guerra, em um<br />

cenário em que a Europa e o Japão<br />

estavam completamente destruídos,<br />

os Estados Unidos tinham grande<br />

quantidade de recursos disponível e<br />

havia a ameaça da União Soviética na<br />

fronteira oriental da Europa.<br />

Tudo isso possibilitou que os Estados<br />

Unidos colocassem suas propostas<br />

na mesa, e aos demais países<br />

ocidentais coube aceitá-las porque<br />

não tinham outra opção. Mas hoje os<br />

Estados Unidos estão em outra situação<br />

e a Europa e o Japão buscam seus<br />

próprios meios de contornar a crise.<br />

Outros fatos da vida real tornam<br />

frágil a hipótese de os emergentes<br />

ganharem preeminência e até compartilharem<br />

liderança em meio à tormenta.<br />

Os mais evidentes: os países<br />

desenvolvidos não querem que os<br />

países em desenvolvimento ganhem<br />

espaço político; o Japão não gostaria<br />

de competir na Ásia com uma China<br />

ainda mais poderosa; a União Européia,<br />

que busca se fortalecer no âmbito<br />

de suas características<br />

transnacionais,<br />

não pretende<br />

perder importância<br />

em detrimento do<br />

grupo BRIC e demais<br />

emergentes.<br />

Resta o fato concreto<br />

de que, como<br />

lembra o professor<br />

Silber, não basta a retórica:<br />

um aumento do<br />

papel dos países emergentes<br />

estaria naturalmente<br />

condicionado a um aumento<br />

das responsabilidades, como contribuir<br />

<strong>para</strong> a recapitalização do FMI e<br />

do Banco Mundial. Com que dinheiro?<br />

Mesmo a China reluta em ter<br />

um papel destacado na crise e tem<br />

tido atuação extremamente discreta,<br />

apesar de suas enormes reservas.<br />

Assim, seria mais adequado falar em<br />

uma nova cultura de ações coordenadas<br />

dos bancos centrais do que de<br />

reestruturação do sistema financeiro<br />

internacional.<br />

Oportunidades?<br />

Como se diz, crises trazem riscos<br />

e oportunidades, mas os emergentes,<br />

muito heterogêneos, reagem<br />

de modo diferente a ambos. Alguns<br />

países já começaram a passar dificuldades:<br />

a Turquia tem sentido de<br />

forma contundente os efeitos da crise.<br />

Países da Europa Oriental como<br />

Hungria e Ucrânia tiveram de pedir<br />

socorro ao FMI.<br />

Se focarmos apenas no grupo<br />

BRIC, <strong>para</strong> ficar nos emergentes mais<br />

importantes, é fácil constatar que<br />

também são muito distintos entre si<br />

e absorvem a crise de forma diferente.<br />

A única coisa que compartilham<br />

é a certeza de que nenhum escapará<br />

incólume da crise. Conforme notou<br />

o embaixador Rubens Ricupero (leia<br />

entrevista na pág. 40), os emergentes<br />

já estão sendo atingidos de diferentes<br />

maneiras. A Rússia está indo muito<br />

mal, com problemas muito graves em<br />

razão da vertiginosa queda do preço<br />

do petróleo e do gás. A Índia está com<br />

problemas em razão de importantes<br />

déficits em conta corrente. O Brasil<br />

também não está numa posição brilhante,<br />

com problemas no câmbio e<br />

sem mercado e preço <strong>para</strong> suas commodities.<br />

Para Ricupero, o único país<br />

muito sólido é a China. Por isso, em<br />

sua opinião, “emergente só tem um<br />

mesmo, a China”.<br />

O professor Hélios Herrera acha<br />

que, em vez de proporcionar aos<br />

emergentes um papel de destaque, a<br />

crise vai é pôr à prova sua resistência<br />

a crises exógenas – pelo menos a curto<br />

prazo. A vulnerabilidade dos países<br />

emergentes em relação à retração das<br />

economias centrais e sua dependência<br />

de alavancagem financeira ainda<br />

são importantes, segundo Herrera. E<br />

países exportadores de commodities,<br />

38 P I B

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