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Internacionalização<br />
César Cini, da Cinex:<br />
saber avançar,<br />
saber recuar<br />
Clientes lá fora?<br />
Depois de duas tentativas frustradas de ter<br />
uma fábrica no exterior, a gaúcha Cinex resolve<br />
concentrar sua produção na Serra Gaúcha<br />
Arlete Lorini, Porto Alegre (RS)<br />
Nos últimos seis anos, o empresário<br />
César Cini tomou<br />
quatro importantes decisões<br />
no que se refere à<br />
internacionalização de sua empresa,<br />
a Cinex, que fabrica portas de alumínio<br />
e vidro <strong>para</strong> móveis, com sede em<br />
Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha.<br />
Duas delas foram bastante ousadas,<br />
ao instalar fábricas nos Estados Unidos,<br />
em 2002, e no México, em 2005.<br />
As outras acabaram sendo muito desgastantes,<br />
ao se desfazer das duas unidades<br />
em solo estrangeiro, em 2005 e<br />
2007, respectivamente. “Perdemos<br />
dinheiro, mas isso faz parte do custo<br />
da experiência”, diz Cini.<br />
A partir de agora, a empresa continuará<br />
buscando clientes no exterior,<br />
principalmente na América do Sul,<br />
mas a produção ficará no Brasil. Desde<br />
que foi fundada, em 1997, a Cinex<br />
tem como meta fazer com que o mercado<br />
externo viesse a responder por<br />
20% de suas receitas, uma maneira de<br />
diluir os riscos da operação. No último<br />
ano, as exportações contribuíram<br />
com apenas 4% do faturamento, de<br />
R$ 39,5 milhões.<br />
O barato saiu caro<br />
As iniciativas da Cinex em terras estrangeiras<br />
consumiram investimentos<br />
próximos a US$ 2 milhões. A primeira<br />
experiência, nos Estados Unidos,<br />
surgiu depois de dois anos de exportações<br />
<strong>para</strong> o país, num esforço <strong>para</strong><br />
ficar mais perto dos clientes e reduzir<br />
os custos de logística. Parte do fracasso<br />
da experiência se deve a divergências<br />
com o sócio norte-americano, além<br />
de problemas com a imigração de<br />
funcionários depois do 11 de setembro.<br />
Ao desistir da fábrica americana<br />
e escolher o México <strong>para</strong> instalar uma<br />
nova unidade, Cini achou que tudo seria<br />
diferente. O empresário escolheu a<br />
cidade de Saltillo, próxima à fronteira<br />
divulgação<br />
dos EUA, sem nenhum sócio local. A<br />
idéia era continuar abastecendo o mercado<br />
norte-americano, aproveitando<br />
as vantagens do Nafta e a redução dos<br />
custos de produção, principalmente de<br />
mão-de-obra. Enquanto o salário médio<br />
de um operário da Cinex nos EUA<br />
era de US$ 2.400, no México esse custo<br />
despencava <strong>para</strong> US$ 400. “O salário<br />
barato foi uma ilusão”, diz Cini. “Os<br />
funcionários mexicanos eram irresponsáveis,<br />
não havia comprometimento<br />
com o trabalho.”<br />
Apesar da proximidade com os<br />
Estados Unidos, os custos de fronteira<br />
inviabilizavam a logística. “Para diluir<br />
os custos de transporte, só operando<br />
com carga cheia, algo difícil <strong>para</strong> uma<br />
pequena empresa, que não tem escala<br />
de produção”, diz Cini. O empresário<br />
conta que <strong>para</strong> uma carga cheia, o<br />
frete representava no máximo 10% do<br />
custo do produto, enquanto na carga<br />
fracionada poderia chegar a 50%. O<br />
dólar desvalorizado ajudou a complicar<br />
ainda mais a operação da empresa<br />
lá fora, já que parte das matérias-primas<br />
era levada do Brasil. “Acabamos<br />
perdendo a nossa competitividade no<br />
mercado americano.”<br />
A estimativa <strong>para</strong> a planta mexicana<br />
era alcançar um faturamento<br />
anual de US$ 8 milhões, número que<br />
não chegou a US$ 3 milhões. Entre<br />
todas as dificuldades enfrentadas no<br />
exterior, Cini cita o capital humano<br />
como a mais desafiadora. “Antes de<br />
partir <strong>para</strong> qualquer experiência externa,<br />
o empreendedor tem de ter a<br />
pessoa certa <strong>para</strong> gerir o negócio lá<br />
fora”, afirma . “Não dá <strong>para</strong> administrar<br />
a distância.” O abandono das ambições<br />
da Cinex de fabricar produtos<br />
no exterior coincidiu com o bom momento<br />
vivido pela empresa no Brasil,<br />
que registrou um crescimento de<br />
20% em 2008. “Com o aquecimento<br />
da construção civil, o mercado interno<br />
voltou a ser uma festa <strong>para</strong> a<br />
empresa”, diz Cini. z<br />
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