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Marcas<br />
Além do nome<br />
Como o branding ajuda as Havaianas, a Natura<br />
e outras empresas a conquistar posição nos<br />
mercados globais Flávio Dieguez, São Paulo<br />
Em termos estritamente técnicos,<br />
branding é a construção<br />
de uma marca. Mas<br />
uma definição, apenas,<br />
não dá conta do poder que<br />
essa técnica vem conferindo nos últimos<br />
anos às empresas brasileiras<br />
na conquista dos mercados globais.<br />
É preciso ver <strong>para</strong> crer. “O exemplo<br />
mais conhecido e impressionante”,<br />
diz Maurício de Almeida Prado, da<br />
agência de comunicação Plano 1,<br />
“foi a transformação das sandálias<br />
Havaianas, um produto simples em<br />
si mesmo, em objeto de desejo de<br />
consumidores no mundo todo.” Presentes<br />
hoje em mercados de uma<br />
centena de países, as Havaianas se<br />
multiplicaram em dezenas de produtos<br />
radicalmente distintos do ponto<br />
de vista dos diferentes consumidores.<br />
Elas têm pele de oncinha na Austrália;<br />
bandeirinhas azuis e brancas<br />
em deferência ao orgulho nacional<br />
argentino; tiras másculas, mais largas,<br />
nos pés dos americanos; ou tiras<br />
esguias, com cores pavoneantes, nos<br />
pés das indianas.<br />
Não é milagre: essa metamorfose<br />
camaleônica da marca entre povos e<br />
mercados tão díspares foi resultado<br />
de um trabalho que começou em<br />
2000, com o objetivo de adicionar<br />
ao produto sandália de dedo os chamados<br />
valores intangíveis,<br />
emocionais.<br />
Ou seja, difíceis<br />
de avaliar na<br />
prática, mas, bem<br />
Ronald Kapaz:<br />
o design é a<br />
arma do<br />
branding, um<br />
novo olhar<br />
fotos: divulgação<br />
escolhidos dentro de um mercado –<br />
em termos de cores, símbolos, largura<br />
das tiras e outros detalhes –, fazem<br />
toda a diferença do ponto de vista de<br />
quem compra. Um dos responsáveis<br />
por esse upgrade das antigas sandálias<br />
de dedo a objetos de desejo de<br />
alto valor agregado, o publicitário Rui<br />
Porto, da São Paulo Alpargatas, conta<br />
que a estratégia foi uma só, baseada<br />
no conceito de “conforto emocional”,<br />
ao lado da robustez, um atributo sabidamente<br />
forte das sandálias brasileiras.<br />
“O DNA é sempre o mesmo”,<br />
diz ele, e as variações foram criadas a<br />
partir de uma análise modal. “É preciso<br />
conhecer a cultura de moda local<br />
<strong>para</strong> fazer branding, nesse caso.”<br />
Porto explica que as Havaianas<br />
foram um bom produto durante décadas,<br />
e sempre foram exportadas.<br />
Mas agora são uma marca – que o<br />
branding ajudou a vender em praticamente<br />
todas as grandes cidades do<br />
mundo. “Ainda temos de conquistar<br />
Tóquio”, diz ele. “Mas em Paris são<br />
uma coqueluche, como em Londres<br />
ou Nova York. Nas Filipinas, só não<br />
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