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Comércio Justo<br />
Made in Cariri<br />
A Caboclo, loja brasileira de Barcelona,<br />
transforma sandália de cangaceiro<br />
do sertão nordestino em sensação entre<br />
os europeus Adriana Setti, de Barcelona<br />
Do Cariri, nas profundezas<br />
do sertão cearense, às páginas<br />
da sofisticada edição<br />
espanhola das revistas Elle<br />
e InStyle, as tradicionais sandálias de<br />
couro nordestinas percorreram um<br />
longo caminho. Totalmente feitas à<br />
mão por uma cooperativa de artesãos<br />
cea renses, com sola de pneu reciclado<br />
e couro tosco, elas viraram sensação<br />
em Barcelona graças ao empresário<br />
paulistano Juliano Lima. Ele é dono<br />
da Caboclo, uma loja e distribuidora<br />
de produtos instalada no coração do<br />
Bairro Gótico de Barcelona, inteiramente<br />
dedicada a produtos fabricados<br />
no Brasil por comunidades carentes.<br />
Tudo sob as normas conhecidas como<br />
Fair Trade (ou Comércio Justo), que<br />
privilegiam a produção de escala familiar<br />
e condenam práticas como a<br />
exploração indevida de mão-de-obra.<br />
“Trabalhar com esse tipo de produto<br />
é mais do que uma tendência, é uma<br />
obrigação”, diz Lima.<br />
As sandálias de cangaceiro são as<br />
mais procuradas pelo público de moderninhos<br />
que freqüenta a Caboclo. O<br />
produto, antes de emplacar na Europa,<br />
sofreu ligeiras adaptações. “Bastou<br />
cortar a borracha num formato<br />
mais ergonômico, aprimorar o tipo<br />
de cola utilizada e mais um retoque<br />
ou outro no design <strong>para</strong> dar certo”,<br />
afirma o empresário. Lima levou o<br />
primeiro lote de 200 sandálias à sua<br />
Caboclo em 20<strong>06</strong>. No ano seguinte,<br />
o número subiu <strong>para</strong> 700. E, só no<br />
último verão do Hemisfério Norte,<br />
1.400 pares vindos do Cariri desembarcaram<br />
em solo europeu. Além de<br />
vendidas na capital catalã por ¤ 48,<br />
elas são exportadas <strong>para</strong> França,<br />
Reino Unido, Alemanha e Bulgária,<br />
onde a Caboclo acaba de<br />
abrir a sua primeira franquia, no<br />
balneá rio búlgaro de Varna, a “Ibiza”<br />
do Leste Europeu. “Os nórdicos, que<br />
são mais conscientes da importância<br />
do Comércio Justo, ficam apaixonados<br />
à primeira vista”, diz Lima.<br />
Mas nem só da estética do cangaço<br />
vive a loja. Para fundar a Caboclo,<br />
em 2005, Lima percorreu o Brasil em<br />
busca de artigos produzidos ecológica<br />
e politicamente corretos que pudessem<br />
despertar o interesse dos europeus.<br />
Em Belém do Pará, encontrou<br />
a Ecojóias, uma pequena fábrica de<br />
bijuterias elaboradas com sementes<br />
e outros materiais reciclados da Amazônia<br />
com design sofisticado. As jóias<br />
ecológicas, distribuídas por toda a<br />
A modelo Mireia ajuda a promover<br />
sandália artesanal nordestina:<br />
¤ 48 na loja espanhola de Lima<br />
Europa, ainda respondem pela maior<br />
parte do faturamento anual de ¤ 110<br />
mil da Caboclo. O peso desse assessório<br />
promete ficar ainda maior nos<br />
resultados de seu caixa. Lançada em<br />
setembro com um festa de arromba<br />
em Madri, e a modelo Mireia Canalda<br />
(ex de Ronaldo que teria sido o motivo<br />
de sua se<strong>para</strong>ção da modelo Daniella<br />
Cicarelli) como garota-propaganda, a<br />
nova coleção de jóias, Selva Chic, leva<br />
a assinatura do designer brasileiro<br />
Marzio Fiorini, conhecido na Europa<br />
e nos Estados Unidos como “man of<br />
rubber” por suas bijuterias esculturais<br />
feitas com borracha. z<br />
fotos: divulgação<br />
P I B<br />
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