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Mas dessa mesma região do Monteiro Lobato, o Vale do Paraíba, surgiu<br />

outro artista talentoso, o ator e diretor de cinema Amácio Mazzaropi.<br />

Inspirado no mesmo Jeca Tatu, ele criou o Jeca, um caipira esperto, que na<br />

sua simplicidade consegue vencer os obstáculos que aparecem. De certa<br />

forma ele dá o troco ao personagem da propaganda dos almanaques, e<br />

recupera de certa forma a sua imagem.<br />

Eu conheci o Mazzaropi, era uma pessoa boa, que fez rádio, teatro, circo, TV<br />

e que com o linguajar caipira e o jeito desengonçado de andar acabou<br />

conquistando todo o público brasileiro.<br />

O Mazzaropi era um homem simples que criou um império cinematográfico<br />

em cima da história do caipira. Sua mãe, Dona Clara, sempre esteve presente<br />

na vida dele, e até cozinhava para a equipe dos seus filmes.<br />

Ele escrevia, dirigia e representava nos filmes. E todos eles foram sucesso<br />

de bilheteria. Montou um estúdio em Taubaté e arrendou parte dos equipamentos<br />

da Vera Cruz para produzir seus filmes. Se fizer hoje um festival do<br />

Mazzaropi, os cinemas ainda ficam lotados.<br />

E a imagem do caipira que ele criou continua firme na imaginação das pessoas.<br />

Há pouco tempo dei uma entrevista em que falava sobre as coisas simples<br />

da vida, e da sabedoria do homem do interior que tem um tempo para parar,<br />

pensar, olhar o rio passando, as árvores e entender melhor a vida do que em<br />

uma metrópole agitada.<br />

O caipira tem essa simplicidade e essa sabedoria para viver. Ele não gosta<br />

de complicar nada. Se tem nó no caminho, ele desata. Durante a vida ele<br />

não fica, a se bandear para um lado ou para o outro. Ele vai até o fim com<br />

suas convicções. Como é acostumado com a terra, ele sabe ainda tirar<br />

proveito do conhecimento com as plantas para comer e se curar. Ele tem o<br />

conhecimento que vem dos índios.<br />

Esse conhecimento, assim como a música, está se perdendo, essa tradição<br />

vinha da transmissão oral. Não sou contra a modernização, mas por isso<br />

insisto que seria uma tragédia a gente perder todo esse conhecimento<br />

acumulado da cultura caipira em várias áreas, e vejo como uma das soluções<br />

que as crianças passem a aprender na escola, e que os pais não que percam<br />

a oportunidade de colocá-las em contato com essas coisas tão nossas.<br />

Assistir a uma Folia de Reis ou Catira, ouvir uma moda de viola, comer um<br />

bolo de fubá, um arroz tropeiro, um frango caipira, e tomar um quentão, uma<br />

xícara de café com leite em uma estradinha do interior, já pode ser um início.<br />

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