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Público do Viola<br />
O público do Viola lá no Teatro Franco Zampari é muito misturado. Eles me<br />
amam, e eu também os amo. Presente para todo lado, todo dia de gravação.<br />
Tem alguns que estão lá desde os primeiros programas, tanto que já ficaram<br />
conhecidos até pelo público de casa, que vê o programa pela TV.<br />
O Santo Portela é um deles. É um velhinho de cabelo branco que senta na<br />
primeira cadeira, ele está lá desde o primeiro programa, nunca falta. Ele até<br />
foi falar com um diretor da TV Cultura, para pedir uma cadeira cativa, usucapião,<br />
por sempre vir ao programa, desde a estreia 30 anos atrás.<br />
Acho até que deve ter conseguido porque ele esta sempre lá na mesma<br />
cadeira. Quando toca arrasta-pé ele é o primeiro a sair dançando.<br />
Tem outro com cabelão e barba grande, que sempre aparece e dança, é o<br />
boiadeiro.<br />
Um dos mais conhecidos é um senhor bem alto, negro, todo alegre, comprido<br />
de chapéu branco, que, quando gosta da minha roupa, levanta e grita:<br />
– Linda, maravilhosa!<br />
Eu morro de rir. E o público pede para ele se sentar.<br />
Quando começa a demorar a gravação de uma dupla, porque como é TV às<br />
vezes, tem que gravar de novo, ou esperar até ficar tudo pronto, e ele<br />
começa a gritar da plateia:<br />
– Tá bom, mas tá ruim. Tá bom, mas tá ruim.<br />
É uma reclamação e um elogio na mesma frase.<br />
Quando toca um xote, eles passam a mão na senhora do lado e dançam, às<br />
vezes mulher com mulher porque falta homem. Um encosta no outro, dão<br />
trombada no meio das cadeiras, mas não brigam, não reclamam, sempre<br />
muita educação.<br />
Viola, Minha Viola | Acervo Fundação Padre Anchieta<br />
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