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versão pdf - Livraria Imprensa Oficial

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Diários de Inezita<br />

Sempre falaram muito da minha memória para os fatos que aconteceram na<br />

minha vida. Dificilmente eu erro uma data, e me lembro do nome de pessoas<br />

que conheci há mais de 50 anos.<br />

Talvez eu tenha desenvolvido essa capacidade fazendo os meus diários de<br />

recortes.<br />

Acho que ficou uma mania.<br />

Começou com sete anos de idade. Um tio que era desenhista me presenteou<br />

com um álbum com trabalhos dele. Gostei tanto que guardei com todo<br />

carinho em lugar especial só para mim. Com o tempo resolvi colar alguns<br />

recortes, os primeiros que tinham saído sobre mim em um jornal. Estamos<br />

falando em 1931, e eu tinha seis anos. Minha mãe comprava para mim as<br />

revistas e também tinha os jornais de casa.<br />

Os primeiros recortes eram sobre as apresentações que eu e outras garotinhas<br />

de família, que se conheciam, fazíamos nos chás beneficentes organizados<br />

por senhoras da sociedade nos salões, que ficavam em grandes<br />

magazines como o Mappin, ou em clubes, como o Germânia, hoje<br />

Pinheiros.<br />

Era o chá das quatro horas. Era um conjunto de meninas que se apresentavam.<br />

Eu já cantava e tocava violão que comecei a aprender escondida, aos<br />

seis anos, com a professora da minha tia naquele casarão onde hoje é o<br />

colégio Carlitos.<br />

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