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Minha viagem de jipe<br />
Em 1957, minha vida estava uma correria. Eu tinha programas de TV em São<br />
Paulo, na Record, e no Rio de Janeiro, na Tupi. Fazia apresentações com os<br />
Jograis de São Paulo, por todo o Brasil.<br />
Era puxado, mas muito gostoso. Nos jograis estavam os atores Armando<br />
Bogus, Felipe Wagner, Rubens de Falco, Rui Afonso e Maurício Barroso. Eles<br />
declamavam poemas de Castro Alves, Ascenso Ferreira, Manuel Bandeira,<br />
Fernando Pessoa. Era um passeio pelo Brasil e por nosso folclore ilustrados<br />
com os slides coloridos de Durval Rosa Borges e Dácio Almeida Cristóvão,<br />
criando efeitos de cores no palco.<br />
E eu cantava músicas de Mário de Andrade, como Viola Quebrada, e Funeral<br />
de um Rei Nagô, de Hekel Tavares, uma das minhas primeiras músicas<br />
gravadas e uma canção que canto sempre.<br />
Era um espetáculo diferente que não existe mais, misturando poemas e<br />
músicas brasileiras com atores e canto.<br />
Mas no meio de tudo isso eu ainda tinha uma proposta de fazer um filme de<br />
Oswaldo Sampaio contando a história de Jovita, uma heroína brasileira do<br />
Nordeste que se veste de homem para poder participar da Guerra do<br />
Paraguai. Era um roteiro baseado em um conto da escritora paulista Dinah<br />
Silveira de Queirós, a mesma que escreveu Floradas na Serra e A Muralha,<br />
livros que ficaram muito conhecidos por causa da adaptação para a TV.<br />
Bom, com tudo isso acontecendo eu resolvi pegar um jipe e viajar pelo<br />
Brasil, principalmente pelo Nordeste, e recolher um pouco da nossa memória<br />
naqueles lugares que na época ainda se mantinham puros em tradições.<br />
Foram dois meses de uma longa viagem que passou por Cunha, ainda em<br />
São Paulo, desci depois para Parati, segui pelo interior do Rio de Janeiro por<br />
Angra, Petrópolis, Sapucaia, entrei em Minas por Muriaé, e depois Itaperuna,<br />
Varre e Sai, Guaçu, o litoral do Espírito Santo e depois o interior da Bahia.<br />
As estradas eram muito ruins, mas eu estava sempre na direção do jipe,<br />
todo pintado de verde-amarelo, era um veiculo especial doado pela Willis<br />
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