versão pdf - Livraria Imprensa Oficial
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O padrão era o mesmo do Teatro Brasileiro de Comédia, amplos estúdios,<br />
equipamento moderno, pessoal técnico e artístico de qualidade. A Vera Cruz<br />
seria a Hollywood brasileira, um sonho na época de se criar uma verdadeira<br />
indústria cinematográfica.<br />
Nessa época, eu me apresentava no TBC dando recitais de música onde já<br />
começava a formar meu repertório de canções bem brasileiras buscadas no<br />
folclore regional, nos compositores populares ligados a raízes da nossa<br />
cultura e aos seus primeiros sucessos. Nas apresentações eu cantava<br />
sozinha com o violão.<br />
Os recitais eram sempre às segundas-feiras porque não havia peça sendo<br />
encenada. Imagine o TBC naquela época, com todos aqueles diretores<br />
italianos querendo trabalhar e criar coisas diferentes. Nas minhas apresentações<br />
quem fazia a iluminação pessoalmente era o Ziembinsky. Um dos<br />
cenógrafos do teatro criou para as minhas músicas, que geralmente eram<br />
folclóricas e regionais, uma cerca branca que rodeava todo o placo e colocou<br />
pendurado no meio uma caveira de boi. Ele tinha se inspirado em um quadro<br />
do Aldemir Martins, que também era amigo nosso. Ficou muito bonito o<br />
cenário.<br />
Acenderam as luzes, entrei e quando dei o primeiro acorde arrebentou a<br />
corda do violão. Saí, troquei a corda na coxia, entrei de novo, tentei recomeçar,<br />
e nova corda quebrada. De novo saí para trocar a corda, olhei aquela<br />
caveira de boi no cenário, e falei: Tira isso daí, tá dando azar!<br />
Quando as cortinas abriram de novo e o público, meio aflito, viu que tinham<br />
tirado a cabeça de boi, começou a rir e aplaudir. Não estourou mais<br />
nenhuma corda. O show foi o máximo!<br />
E no outro dia estava lá no jornal que uma caveira quase estraga o show da<br />
Inezita, coisa da vida de artista.<br />
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