versão pdf - Livraria Imprensa Oficial
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Estamos na década de trinta, as férias da minha família são sempre passadas<br />
na fazenda.<br />
Ah, eu gostava mesmo é de ir para o interior nas férias. Minha família tinha<br />
fazendas em Presidente Prudente, Itapetininga, Itapira, Campinas. A gente<br />
se encontrava lá. Eram quase 60 primos que passavam o tempo todo das<br />
férias juntos na fazenda. Imagina a festa!<br />
Mas as meninas eram dondocas. Na educação da época não podiam pisar<br />
na terra, fazer um monte de coisas que era permitido só aos meninos.<br />
Eu gostava era de ficar com eles, e olha com meu vozeirão, que já era forte<br />
quando criança, eu mandava em todos.<br />
A melhor hora da fazenda era às cinco da tarde quando eu fugia da casagrande<br />
e ia para o terreiro ver os peões se reunirem depois do trabalho para<br />
fazer a grande roda de violeiros. Iam chegando devagar, amarravam o cavalo,<br />
iam sentando aqui e ali, de repente a música começava, e não tinha muita<br />
hora para acabar. Foi aí que eu comecei a ouvir as primeiras músicas de<br />
viola. Eu aprendia com eles. Eu gostava tanto que não queria ir embora da<br />
fazenda, chorava para ficar mais e não voltar mais para a cidade quando<br />
acabassem as férias. E em São Paulo eu sonhava com o dia em que iria<br />
voltar pra lá.<br />
Minha avó era supercarola religiosa, tinha padre almoçando sempre por lá na<br />
casa dela. Fui filha de Maria, frequentava a igreja. Cantei no coro. A minha<br />
avó gostava muito de mim, mas me achava muito rebelde...<br />
– Cê tem que brincar com suas priminhas.<br />
– Elas são muito chatas. Eu gosto de brincar com meus primos!<br />
Outra hora importante era bem cedinho pela manhã. As meninas ficavam<br />
dormindo nos quartos, as que acordavam não queriam molhar o pezinho na<br />
umidade do orvalho. O frio também era de arrebentar.<br />
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