versão pdf - Livraria Imprensa Oficial
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Depois de casada já sabendo bem quem era o Mário de Andrade, um dos<br />
mentores da Semana de 22, da vanguarda paulista, do livro Macunaíma e da<br />
importância de suas pesquisa sobre folclores e música para a cultura brasileira,<br />
tive uma oportunidade de ser apresentada a ele. Mas não deu certo e<br />
ele, que estava já muito doente, veio a morrer em fevereiro de 1945.<br />
Acabei nunca falando com ele, mas vim a conhecê-lo profundamente<br />
pela literatura.<br />
Sou bibliotecária, formada pela primeira turma da USP, na Faculdade de<br />
Filosofia e Letras que ficava na Praça da República, no mesmo prédio da<br />
Caetano de Campos, onde eu estudei a vida toda, e ele acabou se tornando<br />
meu grande mestre inspirador.<br />
Quando me formei fiz estágio na biblioteca da faculdade. Eu chegava às<br />
11h da manhã, tinha que classificar os livros e nos intervalos aproveitava<br />
para ler todos aqueles livros que estavam a minha disposição.<br />
Começava a ler os livros do Mário de Andrade, li todos, os de pesquisa, os<br />
romances e poesia. Depois foi Jorge Amado. Fui lendo tudo que era<br />
brasileiro. Comecei a ler outras, também, traduções de literatura estrangeira,<br />
mas não falavam ao meu peito.<br />
Eu já estava envenenada. A paixão mesmo era pelas coisas brasileiras,<br />
caipiras, paulistas, folclore, música e viola.<br />
Mário de Andrade marcou muito minha carreira, tanto no meu interesse<br />
pela pesquisa e o folclore como no repertório musical. Quando comecei a<br />
carreira na Rádio Clube do Recife cantei algumas das músicas folclóricas<br />
recolhidas por ele, que eu já costumava cantar em saraus entre amigos.<br />
Gravei muitas delas e também uma de suas famosas composições que é<br />
Viola Quebrada, que tem o jeito característico da linguagem caipira, e a<br />
história é contada com toda a simplicidade do homem do interior<br />
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