versão pdf - Livraria Imprensa Oficial
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O Nascimento da Marta<br />
A Marta, a minha filha única, me deu três lindas netas, nenhuma cantora,<br />
ainda, nasceu em dezembro de 1949. O nascimento foi uma festa antecipada.<br />
Era o dia da festa de aniversário da minha tia, e eu estava no final da gravidez,<br />
faltavam quatro dias, mas eu já levava a malinha para todo lugar. Na casa a<br />
maior animação: chorinho, família, músicos, atores.<br />
Entre eles estava Pagano Sobrinho, um comediante que fazia sucesso no<br />
rádio contando com sotaque italiano histórias da Mooca, Bixiga e da Barra<br />
Funda. Eram casos de pessoas simples que ele ouvia pelo bairro e reproduzia<br />
com sua voz rouca, nos programas. Ele foi um cronista bem-humorado<br />
das coisas paulistanas.<br />
Uma das histórias mais engraçadas era sobre uma noiva que entra na igreja<br />
para o casamento, quando um parente distraidamente pisa na cauda do<br />
vestido, que tanto trabalho tinha dado para ser costurado, e dinheiro para ser<br />
pago. Ainda no meio da caminhada em direção ao altar, a noiva, sentindo a<br />
pisada, grita:<br />
– Não pisa no vestido maledeto que ainda vou fazer uma combinação<br />
dessa cauda!...<br />
Essa foi uma das histórias que fizeram com que eu risse tanto na festa, que<br />
o parto foi antecipado em quatro dias e todos na festa acabaram seguindo<br />
comigo até a maternidade.<br />
O Chorinho, não só o da Marta que vinha ao mundo com música e risos,<br />
mas dos músicos continuou na Maternidade Matarazzo, com muita festa no<br />
quarto. Médicos e enfermeiras e os outros funcionários toda hora passavam<br />
lá. Sempre havia alguém. O Paulo Autran quando vinha trazia pizza, e Pagano<br />
continuando com suas paganadas, que eram frases famosas que ele usava<br />
nos programas de rádio. Das mais famosas era:<br />
O dia de amanhã ninguém usou. Pode ser seu.<br />
Filosofia pura, saudando a chegada de Marta.<br />
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