. história .Nas páginas generosas, em informação documental, coligidas por JoséSoares da Silva, d<strong>ed</strong>icadas ao reinado de D. João I e publicadas em 1730,encontramos dados relevantes para a biografia da rainha D. Filipa. Deve-selhe,aliás, a primeira tentativa de publicação integral do epitáfio da Rainha,exposto no facial do túmulo real existente na Capela do Fundador, mas, infelizmente,não se ateve minimamente ao epitáfio em causa 7 . Muito emboraD. António Caetano de Sousa nos tenha deixado, com data de 1744, umapormenorizada notícia sobre a morte desta rainha, ela nada adianta, uma vezmais, para a questão que nos ocupa 8 , o mesmo se podendo aferir da consultade outros historiógrafos desses séculos 9 .Têm um elevado lugar de relevo, no panorama da historiografia batalhina,os comentários históricos e descritivos que James Murphy insere no Álbumintitulado Plans, Elevations, Sections and Views of the Church of Batalha…,mas, também aqui, a informação histórica limita-se a reproduzir o estabelecidopor Fr. Luís de Sousa, nada se enunciando acerca deste letreiro gótico 10 .Igualmente infrutíferas, sobre esta matéria, são as observações sobre o monumentodevidas a Thomas Pitt, que o visitou em 1760 11 . Escapou a inscrição,ainda, a Francisco da Fonseca Benavides, na sua obra sobre as Rainhas dePortugal, publicada em 1878 12 . Não consta, finalmente, do opus magnum daepigrafia m<strong>ed</strong>ieval portuguesa, onde se reúnem todas as epígrafes m<strong>ed</strong>ievaisdo País entre 862 e 1422, da autoria de Mário Jorge Barroca 13 .2 — Características epigráficasColocada, como escrevemos, no muro poente do braço meridional dotransepto da igreja conventual de Santa Maria da Vitória, a 2,06 metros dochão, esta lápide m<strong>ed</strong>e 70cm de altura por 47 cm de largura 14 .Do ponto de vista paleográfico, a inscrição apresenta caracteres perfeitamentegóticos, contrastando com a tradição gráfica uncial corrente em peçasm<strong>ed</strong>ievais anteriores. Ainda que estejamos perante uma lápide fragmentáriabastante estilhaçada, deveremos assinalar a sua regularidade gráfica traduzidanuma paginação reflectida e bem programada, na cuidadosa definição dasmargens, na projecção de espaços interlineares amplos e na preferência pelaconcatenação das linhas de texto em ordem a acentuarem o efeito visual daversificação.A elegância das letras maiúsculas, no começo de cada linha, por seulado, traduz alguma uncialidade e gosto pelo ornato (sobretudo letras maisr<strong>ed</strong>ondas como os AA, os MM e os CC, contrastando estas, no entanto, comos HH mais angulosos), numa época, a dos começos do século XV, em que,Reflexões| 46 • LEIRIA-FÁTIMA | 185
. história .nas chancelarias reais, se recupera o gosto pelo traçado de litterae elongataee também de literae notabiliores.Nas datas recorreu-se a numeração romana de tradição m<strong>ed</strong>ieva (“CCCC”e não “CD”) escrevendo-se ainda o milésimo por extenso.Entre as minúsculas, devemos anotar a prevalência de nexos em conjuntoscomo “or” e “pr” (v. g., “florentis”, “armorum”, “prelustris”, na primeira esegunda linhas) e “le” (“culentis”, na primeira regra). O recurso a abreviaçãopor contracção é, contudo, muito r<strong>ed</strong>uzido podendo referir-se, na última linha,os exemplos “glia” (gloria) e “xpisto” (Christo) que dão expressão à antífonalitúrgica. Recorreu-se a modificação literal na expressão “[F]rancique”em que suc<strong>ed</strong>em ao “q” final três pontos.Usou-se o ponto intermédio na separação entre cada palavra assim seprocurando viabilizar uma leitura menos árdua e mais compassada do textoinscrito.3 — Análise filológicaMuito embora, como escrevemos, a lápide esteja muito estilhaçada, é possívelobservar que possuiu 14 linhas de texto, em caracteres de gótica alemã,de que, hoje em dia, apenas se consegue reconstituir uma leitura satisfatóriapara as primeiras quatro, bastante insuficiente para as regras cinco a sete, epouco mais do que sofrível para as restantes linhas com excepção das duasúltimas cujo sentido se reconstitui por sabermos corresponderem a parte domilésimo ou data da morte de D. Filipa e a uma imprecação final de louvora Jesus Cristo.A planificação do epitáfio, com linhas alternadamente recuadas, à maneirados dísticos elegíacos, parece indiciar uma disposição em verso, apesar dosinformes mais prosaicos das linhas finais e da doxologia com que termina otexto completo, ocupando parte da última linha.O grau de destruição, levada a cabo pelas tropas francesas, é tal que onúcleo do texto ficou irrecuperavelmente perdido. Podemos presumir o quelá se encontrava, mas não podemos conjecturar uma reconstituição segura dotexto. Neste capítulo, aduzimos a autoridade de R. Marichal para justificara orientação cautelosa do nosso trabalho: “l’expérience prouve que les restitutions,lorsqu’il ne s’agit pas de formules établies, sont presque toujoursannulées par les découvertes postérieures” 15 .186 | LEIRIA-FÁTIMA • 46 |
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