. história .dos cónegos de Santa Cruz de Coimbra, senhores, no espiritual, do Prioradode <strong>Leiria</strong>, em cujo termo se situava o novo mausoléu dinástico 26 .D. João I e os seus filhos, perante toda a Corte, patrocinaram uma trasladaçãosoleníssima. Nos rituais que envolveram todo o cerimonial projectavasea mais pura consideração familiar pela defunta Rainha ao mesmo tempoque se propiciava, no amplo e majestoso cenário batalhino, o ambiente espiritualcomemorativo da pi<strong>ed</strong>osa consorte em torno da qual se s<strong>ed</strong>imentara todoum discurso que reflectia a sua consideração como mulher de vida exemplare morte santa. Gomes Eanes de Zurara recolheu e amplificou, eficazmente,esta projecção de santidade maternal no seio das duas primeiras gerações danova dinastia avisina.O epitáfio que aqui publicamos não só proclama, com óbvio significadoinstitucional, a Rainha de Portugal como orgulhoso membro da Casa dosLencastre, como enaltece o prestígio de que se revestia, na Europa do tempo,a associação entre as Coroas de Portugal e da Inglaterra. Não menos significativoé o facto da inscrição registar que o corpo da Rainha jazia “in cripta”,ou seja, soterrado em túmulo raso.A lápide mantém-se in situ, assinalando o preciso lugar da primeira tumulaçãode D. Filipa de Lencastre na igreja dominicana 27 . Tratava-se, comovemos, de sepultura térrea. Algum tempo depois, contudo, o corpo de D.Filipa de Lencastre seria trasladado para túmulo alto à entrada da capelamorda igreja. Aí se encontrava em 1426, conforme refere o testamento deD. João I e, ainda, em 1433, por ocasião da morte do monarca. No ano seguinte,o corpo de D. João I foi levado da Sé de Lisboa, onde tivera primeirasepultura, para o Mosteiro da Batalha. No dia 14 de Agosto desse ano, com agrandiosa pompa de que os cronistas dão nota, proc<strong>ed</strong>eu-se, na presença donovo soberano, D. Duarte, e de toda a Corte, à tumulação dos féretros de D.João e de D. Filipa no seu novo e definitivo jazigo, na Capela do Fundador,expressamente <strong>ed</strong>ificada, segundo um projecto do arquitecto catalão MestreHuguet, para esse efeito.Nas inscrições mandadas lavrar nos parietais desta arca funerária conjugal,a primeira que assim de cerziu no País, assinalam-se dados biográficosde ambos os monarcas com grande pormenor de factos e de datas. Nelesomite-se a prévia tumulação de D. Filipa, em 1416, defronte da Capela dosMártires ou de S. Miguel, só depois transferida para lugar mais adequado àsua dignidade como era a capela-mor do Mosteiro. A lápide comemorativada chegada do corpo da Rainha à Batalha, contudo, permaneceria intacta noseu devido lugar, sobre a cripta fúnebre. Na Terceira Invasão Francesa, co-Reflexões| 46 • LEIRIA-FÁTIMA | 195
. história .mandada pelo General Massena, as tropas francesas aquartelaram, entre 1810e inícios de 1811, no Mosteiro. A igreja viu-se transformada em estrebaria,guardando-se o feno e demais forragem para os animais na capela-mor. Nasacristia conventual, como no próprio braço sul do transepto da igreja, a soldadescaacendeu fogueiras 28 .As marcas dessas bárbaras sevícias ainda hoje perduram nas par<strong>ed</strong>es enalguns dos túmulos do monumento. O primeiro epitáfio de D. Filipa deLencastre, infelizmente, foi uma das peças que mais prejuízo sofreu nessaocasião. Foi à sua <strong>ed</strong>ição, interpretação e contextualização histórica, na fragmentari<strong>ed</strong>adeque lhe é própria e no fecho de quase seiscentos anos depoisda sua inauguração em que tem passado praticamente em silêncio, que nospropusemos no presente estudo.Notas1S. Luiz, Fr. Francisco de (1827), “Memoria Historica sobre as Obras do real Mosteirode Santa Maria da Victoria, chamado vulgarmente da Batalha”, in Memorias daAcademia Real das Sciencias de Lisboa. Lisboa: Academia das Ciências de Lisboa,163-231: 206.2Sousa, Fr. Luís de (1977), História de S. Domingos. Volume Primeiro. Introdução eRevisão de M. Lopes de Almeida. Porto: Lello & Irmãos – Editores, 671. [1ª <strong>ed</strong>ição:Lisboa, 1623].3Zurara, Gomes Eanes de (1992), Crónica da Tomada de Ceuta. Introdução e notasde .Reis Brasil. Lisboa: Publicações Europa-América, 143-177. [1ª <strong>ed</strong>ição: Lisboa:1644].4Uma consulta cómoda destas páginas pode encontrar-se em Gomes, S. A. (1997),Vésperas Batalhinas. Estudos de História e Arte. <strong>Leiria</strong>: Edições Magno, 43-66.5O Couseiro ou Memórias do Bispado de <strong>Leiria</strong> (1980), <strong>Leiria</strong>: O Mensageiro, 97-107.[1ª <strong>ed</strong>ição, 1868: Braga: Typographia Lusitana].6Menezes, D. Fernando (1677), Vida e Acçoens D’El Rey Dom João I Offerecida àMemoria Posthuma do Serenissimo Principe Dom Theodosio. Lisboa: Oficina deJoão Galrão, 414-427.7Silva, José Soares da (1730), Memorias para a Historia de Portugal que comprehendemo governo del Rey D. João o I. Tomo Primeiro. Lisboa: Oficina de JosephAntonio da Sylva, 308-315. [O epitáfio tumular de D. Filipa de Lencastre, como ode D. João I, aliás, foi parcialmente publicado, e traduzido, por Fr. Luís de Sousa.Retomou-o José Soares da Silva, como escrevemos, completando a transcrição deFr. Luís de Sousa. D. Fr. Francisco de S. Luiz, por seu turno, voltaria a <strong>ed</strong>itá-lo, em1827, repondo texto em falta nas citadas <strong>ed</strong>ições. Permanece em aberto, hoje emdia, a necessidade de uma nova leitura epigráfica destes epitáfios, desejando-se queseja metodológica e cientificamente mais criteriosa].196 | LEIRIA-FÁTIMA • 46 |
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