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TELEVISÃO DIGITAL: ESTA HISTóRIA NÃO COMEÇA EM ... - Adusp

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Revista <strong>Adusp</strong>central, deles decorrente: o conteúdoda programação. Afinal é elaa ponta final de todo o processo,aquilo que efetivamente chega àcasa do telespectador.Financiamento consistente econtrole democrático são pressupostosbásicos para a garantia deum conteúdo de qualidade. Conteúdoque, entre outras coisas dê,por exemplo, um amplo espaço aoscriadores brasileiros, espalhadospor todo o país, e impedidos pelooligopólio de mostrar o que fazem.Abrir para a experimentaçãoe a criatividade deve ser a missãocentral da televisão pública, dandoconta da diversidade cultural do país.Fugindo do monopólio estabelecidopelo eixo Rio-São Paulo, comofazem as emissoras comerciais.Na verdade, a televisãobrasileira não comunica,apenas informa, ou seja, põeas idéias na forma ideológicade quem a controla. Cabe à TVpública reverter esse quadropraticando um jornalismocrítico e independenteMas vamos a algumas hipótesesmais concretas de programação, deixandode lado, ainda que brevemente,as generalidades. Poderia ser definida,por exemplo, uma faixa deprogramas musicais para as 20 horas,de segunda a sexta. A cada dia daJaneiro 2008semana esse horário seria preenchidopor uma emissora pública de qualquerEstado, capaz de produzir ummusical de qualidade. Seria a grandeoportunidade de o brasileiro, finalmente,conhecer o que se faz em outrospontos do seu próprio país.Outra hipótese seria a da redetendo como missão dar ao públicoum cinema de bom nível, nacional eestrangeiro, exibido sem intervalos.Algo que alguns canais a cabo já fazempara poucos privilegiados (menosde 10% da população brasileira).Para não falar da necessidade de umaprogramação infantil sedutora, comconteúdo educativo, mas sem loiras,prêmios ou merchandisings. Quantoao jornalismo, é triste constatar a faltado debate na televisão comercialbrasileira. Algo tão comum, geralmentediário, na televisão de outrospaíses, aqui inexiste. Como o público,que só se informa pela TV, podeformar opinião se o contraditório sefaz ausente? Na verdade, a televisãobrasileira não comunica, no sentidode tornar os fatos comuns a todos,ela apenas informa, ou seja, põe asidéias na forma ideológica de quema controla.Cabe à TV pública reverter essequadro praticando um jornalismocrítico e independente, capaz de oferecerao telespectador informaçõesque o habilitem a tomar, ele próprio,suas decisões. O dono da verdadedeve ser o público e não a emissora.São algumas iniciativas que,quando concretizadas, darão ao públicoa oportunidade de experimentare de se acostumar com o “biscoitofino”, no dizer de Oswald de Andrade.Sem conhecer o que é bomfica difícil exigir o melhor. O resultadode uma programação desse tiposeria não só de dar diretamente aopúblico o melhor da arte, da culturae da informação existentes no país,mas também o de levar a televisãocomercial a rever seus padrões.A TV pública cumprirá dessa formaum duplo papel positivo: oferecerao seu telespectador uma programaçãode qualidade e, ao mesmo tempo,provocar mudanças para melhor natelevisão comercial. Situações comoessa justificam, sem muito esforço, osinvestimentos necessários para criare manter uma rede pública de televisão,capaz de servir de referência dequalidade para todo o país.Tentei traçar algumas das característicasdo que considero um “tipoideal” de TV Pública. Claro que algumasdelas, aqui apresentadas, nãose concretizarão. Outras, não mencionadas,farão parte do modelo. Issonão importa muito. O que realmenteconta é a possibilidade concreta queo país tem, desta vez, de por fim aoapartheid televisivo existente desdequando a televisão por assinaturachegou por aqui. A televisão públicacomeçará a cumprir sua missão quandose tornar a televisão paga dos quenão podem pagar por ela. E eles sãocerca 170 milhões de brasileiros.Sobre o autorLaurindo Lalo Leal Filho, jornalista esociólogo, é professor da Escola de Comunicações eArtes da Universidade de São Paulo e do Programa dePós-Graduação da Faculdade Cásper Líbero. Autor de ATV sob controle — a resposta da sociedade ao poderda televisão (São Paulo, Summus, 2006). Apresentao programa “VerTV”, transmitido pela TV Câmara e TVNacional de Brasília, entre outras emissoras.Sobre o textoEste artigo baseia-se em apresentação feita pelo autorno 1º Fórum Nacional de TVs Públicas, realizado em Brasíliaem maio de 2007.59

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