12.07.2015 Views

TELEVISÃO DIGITAL: ESTA HISTóRIA NÃO COMEÇA EM ... - Adusp

TELEVISÃO DIGITAL: ESTA HISTóRIA NÃO COMEÇA EM ... - Adusp

TELEVISÃO DIGITAL: ESTA HISTóRIA NÃO COMEÇA EM ... - Adusp

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Revista <strong>Adusp</strong>incapacidade) de tomar as rédeasda sua história, o diagnóstico daselites é uma chave elucidativa. Comoelas têm mais condições materiaisde percepção e antecipaçãodos fatos, no momento mesmo emque eles ocorrem (ao menos emtese), se forem provocadas paradescer à rinha, talvez se consigaajustar o tempo da consciência aoda história, disfarçada de cotidiano(geralmente considerado insosso esem glamour).A única razão para falarsobre a Amazônia paradistintas senhoras de umclube feminino instaladona avenida Estados Unidos,nos lindos jardins deSão Paulo, era ter nascidona Amazônia. Senti-meum índio quinhentistanos salões reais da EuropaA grande e mortal deficiênciadas colônias resulta do descompassoentre o que acham que estáacontecendo e o que realmentesucede. Vêem o que está diantedos seus olhos desnudos. Essa éa ilusão da realidade. A realidadeconcreta exige as lentes da ciência,do conhecimento e de umarede de informações. Porque asraízes dos fatos mais importantesque ocorrem na Amazônia estãomergulhadas na aparência econectadas a teias extremamentecomplexas e de ramificação internacional.À medida que ia me informandosobre a Amazônia, para poderinformar meus leitores, descobriaque o jornalismo, sozinho,era insuficiente para dar conta dacomplexidade das questões comas quais me debatia quase diariamente.Elas eram profundas e, aomesmo tempo, sujeitas a uma mutaçãoincrivelmente rápida, responsávelpelo tom fascinante e aomesmo tempo assustador do ritmoda expansão da “fronteira” naAmazônia comparativamente aosoutros domínios coloniais, onteme hoje. Era preciso recorrer a métodosmais sólidos para identificaras novidades, a tarefa principal dojornalismo, e compreender o significadodesses fatos, o que já requerum saber organizado, testado, demonstrado—e aí o campo passa aser o da ciência. Por isso, podendocursar sem problemas o curso dejornalismo (porque já tinha o registroprofissional antes da exigênciado curso de comunicação socialpara o exercício da profissão, notriste ano de 1969), preferi a sociologia.Achei que ela me seria maisproveitosa. E achei certo.Mas também percebi logo, porcomeçar na profissão na flor dos16 anos, que só publicando matériasnão conseguiria bem servirmeus concidadãos amazônicos:precisava ir além da profissão, pormelhor que a exercesse. Fiz minhaprimeira palestra em 1967. Asegunda só aconteceu dois anosdepois, em 1969. A única razãopara falar sobre a Amazônia paradistintas senhoras de um clubeJaneiro 2008feminino instalado na avenida EstadosUnidos, nos lindos jardinsde São Paulo, era ter nascido naAmazônia. Senti-me como um índioquinhentista nos salões reaisda Europa. Sem a companhia deperiquitos e papagaios, é claro.Acho que já passei dos dois milharesde palestras desde então.Vejo numa anotação que em 1982elas somavam 962. De lá para cánão deu mais para manter o registro.Em mais de 95% dos casos,foram apresentações gratuitas. Geralmenteporque concordei coma relação, risonha e franca, “pelacausa”; mas também por abuso demuitos dos meus anfitriões, malacostumados à minha fidalguia, àsvezes compulsória (como no casodo herói, sem tempo para fugir).É que, quando tinha um saláriofixo, não me importava em serexplorado, especialmente quandoera uma exploração lúdica, que meproporcionava a oportunidade deter contato direto com muitas e diferentespessoas, o melhor nessemissionarismo palestrante. Queriadisseminar informações, partilharidéias e fomentar interesse pelaAmazônia. Há mais de uma década,porém, vivo de rendimentos eventuais.Eu me reciclei para viver assim.Meus convidados, não.Mas não é esse detalhe lateralo que interessa. Queria falar sobreo constrangimento que involuntariamenteeu criava quando tinhaque ser apresentado ao público. Oapresentador indagava pelo meutítulo. Eu respondia rapidamente,sem qualquer dúvida sobre a minhacondição: jornalista. “Só?”, reagia ointerlocutor.77

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!