Revista <strong>Adusp</strong>Janeiro 2008Stanford Research Institute. Paraefeitos históricos, podemos situaraqui o nascimento daquilo que viria,depois, a ser chamado de Internet.Entre o nascimento e os dias atuais,ocorreram inúmeras transformaçõesna Internet, com impactossociais, culturais e econômicos alémda imaginação de qualquer um dospesquisadores que participou do seunascimento. A mais evidente passapelo enorme crescimento do númerode máquinas conectadas à rede.Grosso modo, podemos dividir taismudanças em dois grupos 1 .1) De caráter tecnológicoForam a miniaturização constantee progressiva da capacidadede armazenamento de dados e oaumento exponencial da velocidadedo processamento destes dados quepermitiram que a Internet se expandissepara fora dos computadoresde mesa, invadindo notebooks,PDAs, telefones celulares e até oseletrodomésticos. Com o processode convergência tecnológica, a Internetvai deixando de ser uma redede computadores para perseguir ameta da ubiqüidade.Por outro lado, foi graças à criaçãoda interface gráfica (a linguagemHTTP, de 1993, e o conseqüenteambiente www) que a Internetrompeu os limites dos usos dados67
Janeiro 2008pelos “especialistas” e alcançou ousuário leigo. Mas, principalmente,merece destaque a adoção da duplade protocolos TCP/IP.Ao longo dos anos 1960 foramsurgindo diversos protocolos de comunicaçãoem rede. A característicabásica que unia quase todosera a tecnologia proprietária: SNA(IBM), DecNet (Digital), XNS (Xerox),entre outros. Muitos continhamimportantes avanços e algunscontinuam operando até hoje. Já osprotocolos não proprietários TransmissionControl Protocol (TCP) eInternet Protocol (IP) 2 surgiram,em 1974, para permitir a comunicaçãoentre diferentes redes, independentementedo software e dohardware que estivessem sendo usadosem cada uma delas (bem comodas mudanças futuras que cadarede viesse a sofrer). Embora nãofosse o único padrão aberto, foi odecisivo apoio da ARPANET quependeu o fiel da balança. Em 1983,todos os nós da rede operavam apartir do TCP/IP. A ARPANETtambém passou a financiar a introduçãodo TCP/IP no sistema operacionalUnix, então o mais adotadopela indústria.A tecnologia de transmissão depacotes de dados pela rede (utilizadapelo TCP/IP) pode ser consideradao substrato tecnológico doatual processo de convergência demídias, que vai rompendo as tradicionaisfronteiras entre os diferentesmeios de comunicação. Com todoconteúdo digitalizado e quebradoem pacotes de dados, torna-se qualitativamenteindiferente para a redese este conteúdo é um texto, umaimagem, um áudio ou um vídeo. Aúnica diferença existente é a quantidadede pacotes de dados que formamaquele específico conteúdo. Asredes passam a se distinguir apenaspela sua maior capacidade de transmitirpacotes de dados (a largura dabanda) e não pelo tipo de conteúdoque fazem trafegar.2) Quanto à sua governançaAo contrário do que o senso comumindica, a Internet não é umarede anárquica e sem controle. Defato, existe um complexo, multifacetadoe muitas vezes contraditóriosistema internacional que garante achamada “governança da Internet”.Este modelo se constituiu historicamentemediante processos queocorreram em paralelo, alguns emâmbito nacional (em especial nosEstados Unidos) e sem coordenaçãoentre si.Os desdobramentos desta governançadeterminarão como seráaquilo que as futuras gerações chamarãopelo nome de Internet.No início da Internet, osblocos de endereços IPforam distribuídos quaseque só para empresas euniversidades dos EUA. Ademanda por endereços IPpassou a ser mundial. Masaté hoje persistem enormesdesigualdadesna distribuição de IPsRevista <strong>Adusp</strong>2.1 – Nomes e númerosAtualmente, a Internet funcionacom a versão quatro do InternetProtocol (IPv4) 3 . Esta versão permitecerca de 4,3 bilhões de númerosde IP (usados para identificarcada computador na rede).No início da Internet, os blocosde endereços IP foram distribuídosquase que exclusivamente para empresase universidades norte-americanas.Com a explosão de acesso aInternet, a demanda por endereçosIP passou a ser mundial. Mesmoassim, o processo inicial contaminoude tal forma a distribuição deendereços que, até hoje, persistemdesigualdades impressionantes. Porexemplo, o Massachusetts Instituteof Technology (MIT) possui, parauso exclusivo, um bloco com 16,7milhões de IPs.Desde 1983, estabeleceu-se umacamada intermediária entre o usuárioe os endereços IP, que visa,entre outras coisas, facilitar o usoda Internet. É o Domain NameSystem (DNS) que possibilita associarum nome a um, ou um grupode, endereços IP.Existem dois tipos básicos denomes na Internet: os genéricos(Generic Top Level Domain –gTLD) e os de países (Country CodeTop Level Domain – ccTLD).Praticamente não existe nenhumaforma de controle públicosobre os gTLDs (“.com”, “.org”,“.net”, etc). Por exemplo, o domínio“.org” (em tese, reservadopara entidades da sociedade civil)é administrado por uma empresaprivada norte-americana(Verisign), que disponibiliza umnome com terminação “.org” pa-68