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TELEVISÃO DIGITAL: ESTA HISTóRIA NÃO COMEÇA EM ... - Adusp

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Janeiro 2008Não se pode culpar o patronatopor defender seus interesses.Foi para isso que se criaramgrandes jornais de referêncianacional, que pautam a mídiaeletrônica. Pode-se, isso sim,culpar a esquerda, por até hojenão ter lançado um grandejornal de referência nacionalFinalmente, a grande pergunta:o que fazer com a mídia oligárquicaimpressa? Não há nada a fazer, excetocriar mídias impressas do campo popular.Se nos meios eletrônicos devemprevalecer critérios claros de neutralidadepolítica, já que são concessõesdo poder público, nos meios impressoso princípio geral é a liberdade total dealinhamento ideológico e mesmo partidário,incidindo apenas as restriçõesda Lei de Imprensa, que tipifica crimesde injúria, calúnia e difamação.É válido o esforço de desconstruçãodo discurso da mídia porque podecolocar na defensiva os promotoresda mentira ou do golpe. Mas nãose pode culpar o patronato por defenderseus interesses. Foi para issoque criaram grandes jornais de referêncianacional, que pautam a mídiaeletrônica. Pode-se, isso sim, culparos movimentos sociais e centrais sindicais,ou partidos que se dizem deesquerda, por não terem lançado atéhoje um grande jornal de referêncianacional que defenda os interessespopulares e nacionais. Que se contraponhaà mídia impressa oligárquica.Muitos fatores explicam os recorrentesfracassos dos projetos demídia impressa da esquerda. Emprimeiro lugar, o sectarismo, quedificulta a colaboração entre gruposde extrações ideológicas diferentes,seja na produção ou na distribuição.Os veículos tornam-se instrumentosde disputa interna ou externa. Essefoi o mecanismo que enterrou quasetoda a imprensa alternativa nos anos1970. No mundo sindical, em que olançamento de um jornal nacionalpoderia até mesmo economizar recursos,ao consolidar grande númerode pequenos jornais, predominaa atomização, a subordinação dasações de comunicação aos interessespolíticos do grupo dirigente ou limitando-asàs lutas locais da categoria.As dezenas de jornaizinhos e revistasproduzidas pelos sindicatosexercem alguma influência na basesocial, mas não conseguem quebraro monopólio da formação da agendados grandes veículos oligárquicos decomunicação de massa. Para isso, omovimento popular também teriaRevista <strong>Adusp</strong>que ter um grande veículo de comunicaçãode massa, e que se dirigisseaos grandes temas nacionais. Mas poderiao campo popular desempenharesse papel, se também ele não é portadorde um projeto nacional, apenasde pautas setoriais e corporativas?Jornais eletrônicos na Internet sãoa nova oportunidade do campo popular,pelo seu baixo custo e modernidadeintrínseca. A dinâmica está naInternet. Se eu fosse hoje fazer umprojeto de um jornal de influência nacional,optaria por um site na Internet,de alto padrão jornalístico, capaz degerar sua própria reportagem, comuma coluna analítica e interpretativa euma janela de TV Web, para debates.Uma espécie de UOL de esquerda: éo que se deveria tentar hoje no Brasil,com os recursos disponíveis. Seria omelhor projeto do ponto de vista darelação custo-benefício, além de sesituar na vanguarda tecnológica.Sobre o autorBernardo Kucinski, físico, jornalista, é professortitular (aposentado) da Escola de Comunicações e Artesda USP. Autor de vários livros, entre os quais Jornalistase Revolucionários: nos tempos da imprensa alternativa(Scritta, 1991) e Jornalismo na era virtual: ensaios sobreo colapso da razão ética (Perseu Abramo/Unesp, 2005).Sobre o textoOriginalmente apresentado para discussão na mesa “OsObservatórios de Mídia e Democracia”, do Fórum InternacionalMídia, Poder e Democracia, realizado em Salvador de12 a 14 de novembro de 2007, promovido pela Faculdadede Comunicação da Universidade Federal da Bahia, ObservatórioBrasileiro de Mídia e outras entidades.Notas1 Entre eles, Observatório Brasileiro de Imprensa, Observatório Brasileiro de Mídia, ObservatórioBrasileiro do Direito à Informação, Monitor de Mídia; Boletins da FNDC, daEpcom e da Intervozes, “Vermelho” (PCdoB), Carta Maior, Rede Nacional de JornalistasPopulares; Blog do Professor Chaparro.2 Até hoje, sindicatos têm que alugar espaço em tevês ou emissoras de rádio para veicular seuspontos de vista. É o que faz a Corrente Sindical Classista, do PCdoB, especialmente naBahia. A CUT em São Paulo fez um convênio com a Rádio 9 de Julho, da Cúria, paratransmitir o seu programa “Bom Dia Trabalhador”.3 Essa concessões são o exemplo extremo da ilegalidade e apropriação do espaço público porinteresses privados. Durante sucessivos governos serviram de moeda de troca em barganhaspolíticas e hoje 51 deputados e 27 senadores controlam, direta ou indiretamente,emissoras de rádio ou Tevê. Entrevista do professor Venício Lima à Rede Nacional deJornalistas Populares, julho de 2006.4 Um exemplo de megafusão é da AOL com a Time-Warner em 2000, com valor de mercado estimadoentão em US$ 350 bilhões. Um exemplo de tentativa de controle da distribuição éa compra da Chinaglia pela Dinap, este ano, dando origem à distribuidora Treelog S/A. Sefor aprovada pelo Cade, a nova empresa terá domínio de praticamente 100% do mercado,criando-se um problema gravíssimo de monopólio num setor vital da sociedade.5 Esse declínio já é notável hoje, com a perda de 3,6 pontos de audiência pela Rede Globo, semganho significativo das outras redes. Dados de setembro de 2007 em relação a outubro de2006. Conforme Daniel Castro in Folha de S. Paulo.6 Relatório da ONG “Artigo 19”, da Inglaterra. Conforme “Vermelho”, site do PCdoB, 19/10/07.88

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