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Paralelo - Fundação Luso-Americana

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‘ existem cerca<br />

de sete mil idiomas<br />

no planeta. [...]<br />

“o português<br />

está no top ten,<br />

ocupando a sétima<br />

posição, com cerca<br />

de 200 milhões<br />

de falantes<br />

espalhados por<br />

oito países em quatro<br />

continentes”, afirmou<br />

nicholas ostler.<br />

’ na<br />

A difusão do português beneficia de uma<br />

forte pressão demográfica positiva do<br />

Brasil. Neste momento, por cada português<br />

existem 16,7 falantes brasileiros, o que<br />

constitui, de longe, o ratio mais favorável<br />

de todas as antigas colónias e metrópoles.<br />

No caso do espanhol, por exemplo, a proporção<br />

é de três mexicanos para cada<br />

espanhol, ou, para o inglês, de quatro<br />

americanos para cada britânico.<br />

Também é previsível um aumento do<br />

número de falantes em Angola e<br />

Moçambique, tanto por razões demográficas<br />

como de crescimento do investimento<br />

estrangeiro naqueles países.<br />

“Mas existem outras economias e respectivas<br />

línguas a considerar”, afirmou David<br />

Graddol, outro dos participantes no evento,<br />

que apresentou o cenário de um mundo em<br />

acelerada transformação. É previsível que<br />

línguas como o português, o russo e o hindi<br />

cresçam bastante após 2010, mas os maiores<br />

impactos virão dos gigantes China (o mandarim<br />

está a implantar-se fortemente como<br />

segunda língua, mesmo nos países ocidentais),<br />

Índia e do bloco dos países árabes. Entre<br />

2025 e 2050, é possível que o árabe se torne<br />

a língua mais difundida no mundo.<br />

A tendência actual também nos ensina<br />

que a riqueza material dos países de origem<br />

já não é o principal factor que contribui<br />

para o sucesso da difusão das respectivas<br />

línguas. o mais importante, disse David<br />

Graddol, é o número de pessoas que virá<br />

a reconhecer alguma utilidade em usá-las<br />

como segundo idioma.<br />

sua intervenção na FLAD, nicholas ostler falou sobre os usos políticos e económicos da língua.<br />

As línguas<br />

do passado, do presente<br />

e do futuro<br />

Dois académicos britânicos falam sobre as tendências<br />

históricas que fazem aparecer e desaparecer<br />

as línguas do mundo.<br />

“Padre, quem te trouxe a esta terra tão<br />

longe da Índia?”, terá sido a frase pronunciada<br />

num português impecável por<br />

um comandante militar persa e dirigida<br />

a um espantado frei Gaspar de São<br />

Bernardino que, em 1606, parou na região<br />

para se abastecer de água.<br />

Nicholas ostler, académico inglês com<br />

graus em Grego, Latim, Filosofia e<br />

Economia (Universidade de oxford)<br />

e um doutoramento em Linguística pelo<br />

MIT, foi um dos especialistas convidados<br />

pela FLAD para discursar sobre os usos<br />

políticos e económicos da língua, tendo<br />

apresentado este exemplo para ilustrar<br />

como o português foi usado como língua<br />

franca em vastíssimas regiões do<br />

mundo até ao século XVIII.<br />

outros casos são relatados no seu último<br />

livro, Empires of the Word: A Language History of<br />

the World, e contam uma história fascinante<br />

de como, alicerçado numa política expansionista<br />

e comercial baseada no estabelecimento<br />

de feitorias costeiras, paróquias e<br />

missões religiosas no interior, o império<br />

colonial português conseguiu a proeza de<br />

pôr todos os que pretendiam comerciar<br />

com as nações europeias (mesmo, mais<br />

tarde, com os franceses, ingleses e<br />

holandeses) a falar a língua de Camões,<br />

incluindo uma vasta população de árabes,<br />

arménios, hindus, japoneses e africanos.<br />

Já em 1551, o inglês Thomas Wyndham,<br />

viajando com o piloto António Pinteado<br />

ao longo da Costa da Guiné, descobriu<br />

que podia conversar em português com<br />

o rei do Benim, que tinha aprendido a<br />

língua em criança.<br />

Em 1600, quando o Japão recebeu o seu<br />

primeiro visitante inglês, o piloto Will<br />

<strong>Paralelo</strong> n. o 2 | PRIMAVERA | VERÃO 2008 15<br />

RUI OCHôA

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