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Paralelo - Fundação Luso-Americana

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FáBIO SILVA<br />

são ao título deste exercício, Bernardo Vaz<br />

Pinto reconheceu a ambição de elevar a<br />

cidade de Lisboa a Capital Europeia do<br />

Atlântico, uma “visão optimista do desenvolvimento<br />

da cidade”.<br />

Por outro lado, não poupou elogios ao<br />

professor Rodolfo Machado, de quem foi<br />

aluno, afirmando que “Lisboa só tem<br />

a ganhar com a sua experiência”. Sob a<br />

orientação do “mestre”, acredita que os<br />

estudantes de harvard “têm todas as capacidades<br />

para perceber e analisar os problemas<br />

actuais da cidade, propondo soluções<br />

interessantes para o futuro”.<br />

o grupo de alunos assistia com um<br />

misto de interesse, atenção e descontracção<br />

às palavras dos oradores. À primeira<br />

soCieDADe<br />

“Lisboa é um local único”<br />

eugenio simoneti, 28 anos, do Chile, e Ya Gao,<br />

23, chinesa, alunos de harvard e participantes<br />

do projecto partilharam as suas opiniões sobre<br />

Lisboa...<br />

paralelo [p] Agora que já tiveram o primeiro<br />

contacto com a cidade, o que mais vos cativou<br />

em Lisboa?<br />

eugenio simoneti [es] A história, a forte<br />

identidade da cidade e do país e as<br />

potencialidades de Lisboa enquanto imagem<br />

de marca.<br />

Ya Gao [YG] Surpreendeu-me pela interessante<br />

localização e pela grande ligação com o<br />

oceano.<br />

[p] tendo em conta o que tiveram a<br />

oportunidade de ouvir e de conhecer, qual é<br />

o maior desafio deste projecto?<br />

[YG] Lisboa é um local único. Só por isso já<br />

é um desafio.<br />

[es] Reinventar a cidade sem perder a identidade.<br />

Acho que essa é a tarefa mais árdua.<br />

Depois de Lisboa, o que esperam do<br />

futuro?<br />

[es] Ir para a Índia trabalhar como arquitecto,<br />

pois é um país que precisa muito de gente<br />

da nossa área.<br />

[YG] Primeiro quero trabalhar em Portugal.<br />

Depois espero voltar aos Estados Unidos e<br />

mais tarde à China.<br />

vista, sobressaía a pluralidade de nacionalidades:<br />

dois chineses, dois taiwaneses,<br />

cinco norte-americanos, um libanês, um<br />

porto-riquenho e um chileno. Conhecendo<br />

um pouco mais estes alunos, tornava-se<br />

fácil constatar que a pluralidade se estende<br />

igualmente à profissão. Uns provêm da<br />

área da arquitectura, outros do design<br />

urbanístico, outros ainda do planeamento<br />

urbano.<br />

o olissipógrafo José Sarmento de Matos<br />

propôs olhar para Lisboa numa perspectiva<br />

mais histórica, alertando para a necessidade<br />

de “entender o desenvolvimento e<br />

crescimento da cidade”. Este especialista<br />

em história da capital portuguesa traçoulhe<br />

o perfil desde a tomada do castelo aos<br />

mouros até à reconstrução após o terramoto<br />

de 1755. Aos estudantes, procurou<br />

transmitir a noção de que “todos os projectos<br />

têm de ser muito bem pensados,<br />

tendo em conta a carga histórica” que<br />

Lisboa encerra, bem como a importância<br />

da relação entre a cidade e o rio.<br />

Aproveitando a deixa de José Sarmento<br />

de Matos, Ana Tostões – também ela especialista<br />

em história da cidade – partiu da<br />

explicação do plano de reconstrução<br />

da Baixa para dar o seu contributo. Mostrou<br />

inúmeras imagens e falou de monumentos<br />

e outras construções, desde o Elevador de<br />

Santa Justa ao Parque Florestal de Monsanto,<br />

da Avenida da Liberdade à Ponte 25 de<br />

Abril.<br />

Após um pequeno coffee-break e dois dedos<br />

de conversa, o advogado José Miguel<br />

Júdice e o gestor Rolando Borges Martins<br />

assumiram o papel de oradores. o primeiro<br />

intitulou-se um “cidadão de Coimbra com<br />

ideias sobre Lisboa”, reforçando o argumento<br />

de que é preciso “voltar a juntar<br />

Lisboa e o rio”. Para José Miguel Júdice,<br />

a frente ribeirinha é como o “jardim” de<br />

Lisboa, pelo que “não se deve construir<br />

em cima dos jardins”. Nesse sentido, vê<br />

com bons olhos o trabalho dos 12 estudantes<br />

de harvard, de quem espera resultados<br />

que tenham uma aplicação<br />

efectiva.<br />

A última exposição da tarde coube ao<br />

responsável máximo pela Parque Expo,<br />

entidade criada pelo Governo para a<br />

requalificação da zona do Parque das<br />

Nações, iniciada logo após o encerramento<br />

da Expo’98. Rolando Borges Martins<br />

procurou explicar aos presentes a estratégia<br />

urbanística e ambiental que esteve<br />

na base da intervenção na zona do Parque<br />

das Nações. Partindo deste exemplo, apresentou<br />

os novos projectos para a cidade<br />

de Lisboa, divididos em três frentes distintas:<br />

a Grande Lisboa, mais concretamente<br />

a frente ribeirinha da Baixa<br />

pombalina; a zona oeste, nos eixos Ajuda-<br />

-Belém e Pedrouços-Dafundo; e a zona<br />

este, com a consolidação do investimento<br />

no Parque das Nações. Tal como Rolando<br />

Borges Martins assegurou, todas estas<br />

intervenções têm como vector fundamental<br />

a “multifuncionalidade”, isto é, a articulação<br />

de áreas distintas como os<br />

espaços verdes, as zonas residenciais e<br />

os centros de negócios.<br />

Todos os oradores estiveram de acordo<br />

quanto à necessidade de apostar na cidade<br />

de Lisboa enquanto imagem de marca. Já<br />

os estudantes saíram da sessão com a certeza<br />

de que se deparam com um desafio<br />

complexo, mas que lhes permitirá desenvolver<br />

as suas competências.<br />

<strong>Paralelo</strong> n. o 2 | PRIMAVERA | VERÃO 2008 35

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