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à comunidade luso-americana, até porque muitas<br />
vezes o seu cargo depende do voto desta. Em alguns<br />
momentos (como durante a crise desencadeada pelo<br />
referendo em Timor Leste em 1999), este grupo,<br />
assim como alguns políticos eleitos por zonas de<br />
forte concentração portuguesa, acabam por mostrar<br />
uma maior liderança e sensibilidade em matérias<br />
importantes para a comunidade e para Portugal.<br />
‘ Comprova-se [...] que a intervenção do<br />
portuguese American Citizenship project permite<br />
aumentar de forma visível e consistente a taxa<br />
de participação eleitoral dos luso-americanos.<br />
’<br />
Naturalmente, a força da comunidade luso-americana<br />
revela-se principalmente na política local (a nível<br />
nacional, talvez apenas a hispânica tenha um poder<br />
efectivo). Mas, como referiu o conhecido político<br />
americano, Tip o’Neill, na América “all Politics is<br />
local”. o facto de os representantes federais serem<br />
eleitos por círculos uninominais faz com que alguns<br />
congressistas precisem do voto e do apoio da comunidade<br />
luso-americana, o que em alguns assuntos<br />
específicos permite dar uma dimensão nacional a um<br />
poder local. Quando, por exemplo, a <strong>Fundação</strong> iniciou<br />
um programa de promoção do ensino da língua portuguesa<br />
nos Estados Unidos e precisou do apoio de<br />
uma iniciativa federal, pôde contar com a cooperação<br />
de alguns destes congressistas.<br />
��������<br />
imigrantes portugueses em Fall river.<br />
Como tantos outros grupos de imigração recente,<br />
a comunidade portuguesa nos Estados Unidos tende<br />
a votar mais no campo democrata. Acresce que um<br />
dos principais locais de concentração da comunidade<br />
é precisamente um dos estados mais democratas da<br />
União – Massachusetts (também conhecido entre<br />
alguns republicanos como a “People’s Republic of<br />
Massachusetts”). Embora a maior parte dos políticos<br />
de origem portuguesa pertença ao Partido Democrata,<br />
existem, no entanto, importantes excepções. Do<br />
grupo de quatro congressistas federais luso-americanos<br />
referidos anteriormente, dois eram democratas<br />
e dois republicanos.<br />
Na actual eleição presidencial não se revela possível<br />
nem mesmo particularmente útil apurar com<br />
rigor se a comunidade luso-americana está mais<br />
próxima de obama ou de hillary. Importante, sim,<br />
é constatar a cada vez mais intensa participação<br />
cívica da comunidade luso-americana e os benefícios<br />
que daí advêm para a comunidade. Como<br />
referem os materiais de campanha produzidos pelo<br />
Portuguese American Citizenship Project, na democracia<br />
americana “quem não vota, não conta” e<br />
“sem voto, sem voz”. Um outro poster, desenhado<br />
por um grupo de luso-americanos de Fall River,<br />
acaba por invocar a tal ideia da “paragem” e “avanço”<br />
do tempo, assim como a vida entre dois mundos<br />
e duas culturas – junto à imagem da bandeira<br />
americana e do Uncle Sam lê-se a frase “Vota!<br />
o Voto é a Arma do Povo”.<br />
* Subdirector da FLAD<br />
<strong>Paralelo</strong> n. o 2 | PRIMAVERA | VERÃO 2008<br />
RUI OCHôA