Paralelo - Fundação Luso-Americana

More documents

Recommendations

Info

8 O sabor amargo da vitória (...) A resposta à pergunta “E se nós ganharmos?” depende, obviamente, da definição de “ganhar” no Iraque. Para mim, significa o seguinte: as tendências da situação de segurança já estabelecidas durante o aumento de tropas mantêm-se num rumo positivo, a violência diminui para níveis aceitáveis, a capacidade das forças de segurança do Iraque aumenta, e o Governo central resiste a ponto de os Estados Unidos poderem contemplar a possibilidade de reduzirem substancialmente as suas forças sem que o país caia no caos. o Governo continuará a ser fraco e corrupto e permanecerá dividido, mas pelo menos continuará a governar. Postular mais do que isto tornaria este raciocínio circular e inútil. Ironicamente, uma “vitória” neste sentido representaria enormes problemas para um Presidente democrata em Janeiro de 2009. haveria uma base positiva de segurança que apenas se deterioraria se os Estados Unidos retirassem as suas tropas demasiado depressa e, portanto, uma pressão considerável para que não fossem respeitadas as promessas de uma retirada rápida feitas durante a campanha. Se conseguimos pressupor uma vitória nestes termos, também podemos pressupor as condições necessárias para permitir uma retirada total, mas é muito difícil imaginar como é que isso poderia acontecer a não ser durante um período prolongado e, portanto, politicamente desconfortável. A grande interrogação consistirá em saber como é que os diferentes actores políticos irão interpretar o legado de tal “vitória”. No que respeita aos actores da região, uma vitória poderá ser a salvação da reputação americana, mas o momento de obter um efeito de demonstração positivo com a substituição de Saddam por um Iraque democrático já passou. A aceitação deste novo actor made-in- America pelos países árabes vizinhos virá, mas levará especial EUA‘08 revistA De imprensA tempo e não será concedida de bom grado. Muito dependerá do tipo de forças residuais que os Estados Unidos entenderem manter no Iraque. Nas melhores circunstâncias, o Iraque nunca se tornará uma Alemanha, nem um Japão, nem uma Coreia do Sul, onde uma presença permanente de forças americanas passou a fazer parte da rede de segurança regional. Uma presença americana a longo prazo no Iraque, mesmo que essa presença seja pequena e discreta, pre- judicará a legitimidade do regime de Bagdade. A “vitória” que acabamos de definir encerra uma importante contradição. os Estados Unidos não podem vencer sem que o Irão vença também. Esta vitória do Irão será medida pela aquisição de pelo menos um “cliente” no Sul do Iraque sobre o qual, em última análise, exercerá muito mais influência do que os Estados Unidos. Isto reduzirá significativamente o valor da vitória, a não ser que admitamos outros acontecimentos, como, por exemplo, uma mudança de regime em Teerão ou um afastamento entre Teerão e os seus “clientes” iraquianos – duas hipóteses que não parecem ter grande probabilidade de se concretizar num futuro próximo. (...) [Francis Fukuyama vol. II, n.º4, Março-Abril de 2008] <strong>Paralelo</strong> n. o 2 | PRIMAVERA | VERÃO 2008
REVISTA TRIMESTRAL DE Política Externa e Assuntos Internacionais EDITADA PELO INSTITUTO PORTUGUÊS DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS da Universidade Nova de Lisboa Rua de D. Estefânia, 195 - 5º, D. to 1000-155 Lisboa | PORTUGAL Tel.: +351 21 314 1176 Fax: +351 21 314 1228 Email: ipri@ipri.pt www.ipri.pt �� RELAÇÕES INTERNACIONAIS �� <strong>Paralelo</strong> n. o 2 | PRIMAVERA | VERÃO 2008 9
Page 1 and 2: ESPECIAL ELEIÇÕES EUA’08 Primav
Page 3 and 4: índice EUA‘08 especial 06 | REVI
Page 5 and 6: eDitoriAL A comunidade luso-descend
Page 7: apidamente anulados. ontem, promete
Page 11 and 12: portuGAL/euA “Quando vou a uma ce
Page 13 and 14: novo embaixador dos euA em portugal
Page 15 and 16: ‘ existem cerca de sete mil idiom
Page 17 and 18: outro dado encorajador é que o sis
Page 19 and 20: LUSA / EPA STEFAN ZAKLIN um vencedo
Page 21 and 22: POR António viCente* ��
Page 23 and 24: �� o voto por
Page 25 and 26: LUSA / EPA MICHAL CZERWONKA no qual
Page 27 and 28: �� barack oba
Page 29 and 30: ‘ A melodia e o ritmo da campanha
Page 31 and 32: poLÍtiCA A turquia é uma mistura
Page 33 and 34: MARCO SILVA Na Cimeira de Bucareste
Page 35 and 36: FáBIO SILVA são ao título deste
Page 37 and 38: RUI OCHôA Portugal, Paulo Ferrão
Page 39 and 40: eConomiA Conhecer, inovar, experime
Page 41 and 42: COTEC ricardo boavida Ferreira “A
Page 43 and 44: fórmulas que se revelam desincenti
Page 45 and 46: CuLturA eduardo Lourenço abriu o c
Page 47 and 48: simultâneo a capacidade ensaístic
Page 49 and 50: Podemos encontrar na cultura e lite
Page 51 and 52: dramas dos outros.” (“Entrevist
Page 53 and 54: RUI OCHôA CuLturA No 15.º anivers
Page 55 and 56: No dia em que fiz 50 anos, estava p
Page 57 and 58: As Fundações na Europa: Aspectos
Page 59 and 60:
Aventuras de Um Nabogador onésimo
Page 61 and 62:
CoLeCção FLAD Sem Título, 2004,
Page 63:
dade enquanto a lei e a regra são
show all

Paralelo - Fundação Luso-Americana

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

Delete template?

Save as template?