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COTEC<br />
ricardo<br />
boavida Ferreira<br />
“A COTEC ajudou-nos a<br />
escolher os investidores<br />
e transmitiu-lhes<br />
confiança.”<br />
A Consumo em Verde – Biotecnologia das<br />
Plantas S.A. (CEV) foi a primeira empresa a<br />
emergir graças ao apoio do COHITEC. Para<br />
conhecer melhor o projecto de negócio que<br />
deu origem a esta empresa, a <strong>Paralelo</strong> falou<br />
com Ricardo Boavida Ferreira, um dos<br />
investigadores que a lidera. É com ambição<br />
que fala do futuro, que pode muito bem<br />
passar pela distribuição à escala global de<br />
um poderoso fungicida descoberto em<br />
Portugal.<br />
[<strong>Paralelo</strong>] Em que circunstâncias surge o projecto<br />
da CEV?<br />
[Ricardo Boavida Ferreira] Tudo começou há<br />
16 anos, com a descoberta acidental de<br />
uma proteína. Durante 10 anos, estudámos<br />
essa proteína no Instituto Superior de<br />
Agronomia e no Instituto de Tecnologia<br />
Química e Biológica. Durante esse período,<br />
fomos levados a deduzir que ela teria propriedades<br />
antifúngicas surpreendentes. Ao<br />
contrário da maioria das proteínas, esta<br />
teria uma resistência extrema a agentes<br />
físicos, podendo ser utilizada na agricul-<br />
MARCO SILVA<br />
eConomiA<br />
é a partir da planta do tremoço que a Cev – biotecnologia das plantas extrai a proteína<br />
que age como fungicida.<br />
tura não só como fungicida, mas<br />
também como bioestimulante.<br />
[P] Quem estava envolvido no projecto na<br />
altura?<br />
[RBF] Eu e o professor Artur<br />
Ricardo Teixeira liderávamos na<br />
altura o grupo de trabalho. Mais<br />
tarde, quando descobrimos a actividade<br />
fungicida, juntou-se a nós<br />
a professora Sara Monteiro.<br />
Finalmente, em 2005, pudemos<br />
contar com a participação de um<br />
colega que introduziu no grupo<br />
uma componente de empreendedorismo:<br />
o professor Virgílio<br />
Loureiro, com quem já tínhamos<br />
anteriormente colaborado.<br />
[P] De que forma é que o COHITEC contribuiu<br />
para o sucesso do projecto?<br />
[RBF] Até 2004 publicámos artigos científicos,<br />
onde demos a conhecer esta proteína.<br />
Mas, a certa altura, quando nos<br />
apercebemos do seu potencial comercial,<br />
parámos de escrever e contactámos algumas<br />
multinacionais. Como estávamos sozinhos,<br />
esse contacto não deu quaisquer<br />
resultados. Meses depois, entrámos no<br />
CohITEC, que se revelou uma ajuda ines-<br />
timável para ultrapassar o fosso entre a<br />
investigação e o desenvolvimento comercial.<br />
Na segunda fase do programa, a<br />
CoTEC ajudou-nos a escolher os investidores<br />
e transmitiu-lhes confiança. Isso foi<br />
muito gratificante para nós.<br />
[P] Encontrar um investidor foi um processo<br />
fácil?<br />
[RBF] Desde o início, tivemos a noção de<br />
que este projecto poderia chegar a valer<br />
uma enormidade. Depois de apresentarmos<br />
o nosso projecto aos investidores,<br />
ficámos com sete ou oito investidores dos<br />
quais escolhemos os dois melhores. Mas<br />
tivemos muita dificuldade em tomar uma<br />
decisão, porque havia propostas excelentes<br />
– o que me surpreendeu pela positiva.<br />
Às vezes, achava que nós tínhamos mais<br />
dúvidas sobre o produto do que os próprios<br />
investidores.<br />
[P] Quais são os planos para o futuro da CEV?<br />
[RBF] Tentar pôr o produto no mercado<br />
o mais depressa possível. Agora que os<br />
desafios de laboratório já foram ultrapassados,<br />
o grande desafio é mesmo o<br />
desenvolvimento industrial. Isto, é claro,<br />
depois de resolvermos as formalidades da<br />
patente e da homologação.<br />
<strong>Paralelo</strong> n. o 2 | PRIMAVERA | VERÃO 2008 41