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o voto português<br />
na América<br />
Historicamente, a comunidade luso-americana favorece os candidatos do Partido Democrata.<br />
Estas eleições primárias não constituem excepção.<br />
Nos estados de Rhode Island e de<br />
Massachusetts, para falar da Costa Leste dos<br />
EUA, os votos luso-americanos têm sido<br />
determinantes para a vitória dos democratas,<br />
tanto a nível local como nacional.<br />
o mesmo se passa noutros centros urbanos,<br />
onde é numerosa a presença dos luso-<br />
-descendentes. Refira-se Newark, no<br />
estado de Nova Jérsia, ali às portas de<br />
Manhattan. ou a Manassas, no estado da<br />
Virginia, a cerca de uma hora de distância<br />
da Casa Branca, onde se instalou a mais<br />
recente comunidade emigrante.<br />
Mas é na Costa Leste que está a parte<br />
mais visível da franja de poder partilhada<br />
pelos luso-descendentes. Foi onde Bob<br />
Correia foi recentemente eleito presidente<br />
da Câmara de Fall River, numa corrida que<br />
envolveu outro luso-americano: Alfredo<br />
Alves, antigo vereador daquela edilidade.<br />
Alves é, aliás, uma excepção no que toca<br />
à generalidade das escolhas feitas nestas<br />
presidenciais, já que o seu voto está reservado<br />
para o senador republicano John<br />
McCain, porque “McCain representa estabilidade<br />
e, numa altura de guerra como<br />
POR FiLipe vieirA*<br />
a que vivemos, não podemos estar a brincar<br />
à presidência”. Apesar desta sua argumentação,<br />
Alfredo Alves faz, porém,<br />
questão em sublinhar que a sua intenção<br />
de voto poderá mudar, daqui até<br />
Novembro!<br />
observador atento ao que se passa nos<br />
estados da Nova Inglaterra, é director do<br />
Portuguese Times, uma das mais antigas publicações<br />
em língua portuguesa na América.<br />
Manuel Adelino Ferreira apoia a candidatura<br />
da senadora hillary Clinton e não o<br />
esconde. Disse-o publicamente, num seu<br />
programa de televisão que vai para o ar<br />
todos os sábados à noite no Portuguese<br />
Channel, um canal local dirigido à comunidade.<br />
Adelino Ferreira recordou à <strong>Paralelo</strong><br />
ter “manifestado desde logo a sua simpatia<br />
pela senadora Clinton, dado que a acha a<br />
mais experiente, porque é uma figura de<br />
mais prestígio, capaz de restaurar a imagem<br />
dos EUA, muito abalada pela Administração<br />
Bush, a nível nacional e internacional”.<br />
E é preciso não esquecer a Califórnia,<br />
onde os luso-americanos detêm já uma<br />
apreciável fatia do poder no plano regio-<br />
Alfredo Alves João Luís de medeiros<br />
manuel Adelino Ferreira<br />
nal, incluindo ao nível do Senado estadual,<br />
em Sacramento, a capital.<br />
João Luís de Medeiros, um açoriano que<br />
vive em Rancho Mirage, na Califórnia,<br />
é um indefectível apoiante da campanha<br />
de Barack obama, político que, na sua opinião,<br />
“aparece em cena como uma das mais<br />
credíveis apostas presidenciais do século<br />
XXI, um político que veio de baixo para<br />
cima no panorama nacional, à revelia dos<br />
patrões do aparelho do Partido Democrata”.<br />
Para Medeiros, que, nos anos 70, foi deputado<br />
à Assembleia Regional dos Açores e à<br />
Assembleia da República (PS) “ao contrário<br />
de hillary Clinton, obama não se apresenta<br />
como servo ‘noblesse oblige’ da renovação na<br />
continuidade. o seu carisma tem sido testado<br />
e consolidado pela maciça adesão popular<br />
à sua candidatura”.<br />
John Bento, arquitecto com ateliê na<br />
Califórnia do Sul, preside ao PALCUS, a associação<br />
para a defesa dos interesses da comunidade<br />
portuguesa nos Estados Unidos,<br />
sediada em Washington. Em declarações à<br />
<strong>Paralelo</strong>, Bento não manifestou a sua intenção<br />
de voto, mas admitiu “que John McCain<br />
não terá muitas hipóteses de vencer, porque<br />
qualquer candidato que esteja associado ao<br />
actual Presidente Bush irá ter uma grande<br />
dificuldade em ganhar a Casa Branca”.<br />
Comentou, por outro lado, estar surpreendido<br />
pela forma como o senador Barack<br />
obama conseguiu arrancar de uma situação<br />
de quase total anonimato e assumir a liderança.<br />
“À partida, esperaria que quem quer<br />
que fosse competir com hillary Clinton<br />
acabasse esmagado, o que não aconteceu<br />
com obama”, disse John Bento.<br />
* Jornalista em Washington DC<br />
<strong>Paralelo</strong> n. o 2 | PRIMAVERA | VERÃO 2008 23