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Clipping do Ibrac 35 2011

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CLIPPING DO IBRAC N.º <strong>35</strong>/<strong>2011</strong> 05 a 11 de setembro de <strong>2011</strong>esse contribuinte que já pagou uma conta muito grande lá e dizer: agora você tem que pagar a conta daGrécia? Não tem a legitimidade da confederação. Eles são países independentes.Valor: Você concorda com o Samuel, que acha que o euro foi um erro?Pra<strong>do</strong>: Não, não concor<strong>do</strong> que foi um erro.CRISES DE 2008 E DE AGORAValor: Qual o diagnóstico que os srs. fazem da atual crise e quais as diferenças entre ela e a crise de 2008?Pessôa: Aquela foi uma crise bancária, com enorme incerteza com relação aos passivos e às posições <strong>do</strong>sdiversos bancos, o que gerou uma parada total <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de empréstimos entre os bancos, o que as pessoaschamam de um ―credit crunch‖, no mun<strong>do</strong> to<strong>do</strong>. Agora a gente não teve ainda um credit crunch. To<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>esperan<strong>do</strong> que ocorra na Europa uma crise soberana, de algum país, que vá gerar algum problema em algumbanco e algum problema em algum banco pode gerar efeitos multiplica<strong>do</strong>res, dada a interconexão que hánesse merca<strong>do</strong>. Eu acho que não vai acontecer, porque o Banco Central Europeu vai impedir que isso e,mesmo que isso aconteça, não me parece que hoje existe um elemento importante na crise de 2008, que é esseprocesso de destruição de informação em função das inovações nos produtos financeiros, que introduziramuma enorme opacidade. Eu acho que hoje mais ou menos as posições <strong>do</strong>s bancos são conhecidas pelos outrosbancos. Então o que é que aconteceu agora? Nós descobrimos que o PIB americano foi muito pior. Não só nosegun<strong>do</strong> trimestre, mas houve revisões para trás. Então a gente descobriu que a economia americana estánuma posição muito pior <strong>do</strong> que nós achávamos que ela estava e isso gerou uma perspectiva de crescimentopior. As bolsas caíram porque a rentabilidade das atividades econômicas em geral mun<strong>do</strong> afora ficarammenores. É muito difícil saber o que vai acontecer com a economia americana. Tem evidências que a taxa dedesemprego aumentou bastante, de mau funcionamento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho. Por outro la<strong>do</strong>, tem esseimbróglio político que está tiran<strong>do</strong> o único instrumento que eles têm que é o instrumento fiscal. Os juros jáestão no chão, a única coisa que um afrouxamento quantitativo poderia introduzir hoje seria cair um poucomais ainda as taxas de juros longas. Essas já estão superbaixas também. Então eu não sei o que fazer.Realmente é grave, porque nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s hoje acho que só teria uma saída fiscal, ou seja, aumentar ogasto público, aumentar o déficit público para manter a demanda agregada aquecida e eu acho que o imbrógliopolítico está fazen<strong>do</strong> com que essa saída não seja a<strong>do</strong>tada pela sociedade americana. O que as pessoas estãoven<strong>do</strong> é que talvez a gente vá para uma recessão de mais <strong>do</strong>is ou três anos.Pra<strong>do</strong>: Eu acho que é importante fazer uma distinção entre crash, o estouro de bolha, e crise. Ao crash nãonecessariamente se sucede uma crise. Em 87 houve um crash importante, depois teve o famoso estouro dabolha de pontocom e foram fenômenos pontuais, não tiveram consequências adiante na economia. Esse de2008 foi um pouco diferente. Ele surge como um crash, como o estouro de uma bolha no merca<strong>do</strong> desubprime e através de vários mecanismos ele se espalha no conjunto da economia. Não é o mesmo de 29, mastem algumas similaridades. Ele começa com um crash, se transforma numa crise econômica e toma forma deuma crise política. Você tem que tomar decisões que implicam escolhas da sociedade. Quem vai seguir poronde, a que custo, quem paga o que para sair dela. A meu juízo, nós estamos nesse momento. A Europa passapor uma crise que iniciou como crise econômica e agora é crise política, ou seja, os contribuintes alemãesestão dispostos a pagar a conta da recuperação europeia, fazer transferências para sustentar a Grécia, parasustentar a Espanha? No caso <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, quan<strong>do</strong> Roosevelt sobe, em 33, a crise já tinha alcança<strong>do</strong>pesadamente a sociedade americana, então qualquer política que ele fizesse seria aceita por to<strong>do</strong>s os parti<strong>do</strong>s.A situação era desespera<strong>do</strong>ra. E ele faz as suas políticas. Historicamente, foram avaliadas como bemsucedidas. Mesmo assim, só a Segunda Guerra Mundial tira realmente os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da crise. Agora acrise estoura ainda no perío<strong>do</strong> Bush [George W. Bush], o crash, mas o efeito vai ser em cima <strong>do</strong> Obama[Barack], então ele não tem as condições políticas que em 33 tinha Roosevelt, a margem dele de manobra émuito mais estreita. É muito difícil a gente avaliar um fenômeno histórico como esse ao vê-lo no meio, mas euconcor<strong>do</strong> com a sua avaliação. Se nada surpreendente acontecer, a economia americana vai crescer pouco e aeconomia europeia muito provavelmente também.Valor: Além desse componente político, há quem diga que essa crise é produto <strong>do</strong>s estímulos monetários efiscais emprega<strong>do</strong>s pelos Esta<strong>do</strong>s em 2008 para tentar debelar aquela bolha. Há razões para tal interpretação?Pra<strong>do</strong>: Acho que mais uma vez vale o comparativo. Na década de 30, a resposta via aumento de gasto fiscalnão surgiu de maneira automática, não havia teoria na época que sugerisse alguma coisa por essa linha. Opróprio trabalho de Keynes é de 36, depois que o fenômeno propriamente se dá. A resposta de Roosevelt em33 é muito mais por razões da política interna deles <strong>do</strong> que propriamente uma teoria econômica que sejustificasse em torno disso. Agora, independente da corrente econômica, to<strong>do</strong>s os governos intervieram. To<strong>do</strong>seles, de alguma maneira, responderam com aumento de gasto público, porque também não tinha muita saída.Cruzar os braços seria politicamente muito difícil. Comparativamente, sob o ponto de vista histórico, oresulta<strong>do</strong> foi bem melhor. Você não teve nenhuma das quedas que teve na última grande crise, que é o únicoRua Card oso d e Alm eida 7 8 8 cj 1 2 1 Cep 0 50 1 3 -00 1 São P aulo -SP Tel Fax 0 1 1 3 8 7 2 -2 60 9 / 3 67 3 -6 74 8www.ib rac.org.br email: i b r ac@ibrac.org.b r26

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