CLIPPING DO IBRAC N.º <strong>35</strong>/<strong>2011</strong> 05 a 11 de setembro de <strong>2011</strong>O procura<strong>do</strong>r-geral <strong>do</strong> Cade, Gilvandro Araújo, acredita que a competência entre os órgãos é complementar eambos poderiam atuar em fusões e casos de condutas anticompetitivas de bancos. Araújo defendeu umaaproximação com o BC para que a atuação de cada órgão em processos envolven<strong>do</strong> os bancos fique bemdefinida. "Eu acho que é possível um diálogo com o BC", disse o procura<strong>do</strong>r-geral <strong>do</strong> Cade. "Seria muito bomque houvesse uma tranquilidade na aplicação de normas de prevenção e repressão a infrações à ordemeconômica no Sistema Financeiro", completou.A disputa sobre quem deve atuar nos processos envolven<strong>do</strong> a concorrência no setor aumentou depois que oCade abriu processo contra o BB, no último dia 31. O BC proibiu a exclusividade no consigna<strong>do</strong> em circularde 14 de janeiro deste ano. Mas, para a instituição, não é possível investigar essa prática antes de a circularentrar em vigor justamente porque ela não estava proibida. O BC informou ao órgão antitruste que nadapoderia fazer com relação aos contratos anteriores à circular. A partir dessa comunicação, o Cade decidiuinvestigá-los com base na Lei Antitruste. Essa investigação pode levar o órgão antitruste pode punir o BB commulta que vai de 1% a 30% <strong>do</strong> faturamento <strong>do</strong> banco.O mais provável, em caso de multa, é que o Cade aplique a punição mínima de 1%, pois o BB nunca foicondena<strong>do</strong> por infração à concorrência, e restrinja o faturamento aos ganhos <strong>do</strong> banco no crédito consigna<strong>do</strong>.Mesmo nessa hipótese, o valor seria alto. O Cade estima que o merca<strong>do</strong> de consigna<strong>do</strong> movimenta R$ 140bilhões por ano e o BB teria 32% dessa fatia. Ou seja, R$ 44,8 bilhões. A multa de 1% resultaria, portanto, emR$ 448 milhões. Seria mais <strong>do</strong> que a multa que foi imposta à AmBev por causa de contratos de exclusividadecom pontos de venda (R$ <strong>35</strong>2 milhões).Outro ponto de conflito é que o BC acredita que o Cade deveria seguir o parecer da Advocacia-Geral da União(AGU) que, em 2001, determinou que a competência para a análise de fusões e casos de condutasanticompetitivas é <strong>do</strong> próprio BC.Esse parecer foi assina<strong>do</strong> pelo presidente da República - na época, Fernan<strong>do</strong> Henrique Car<strong>do</strong>so - e, portanto,vincula os órgãos da Administração Pública.VALOR ECONÔMICO DE 09 DE SETEMBRO DE <strong>2011</strong>BB TEM 15 DIAS PARA DEFESA NO CASO DOS EMPRÉSTIMOS CONSIGNADOSPor Juliano Basile | ValorBRASÍLIA - A decisão <strong>do</strong> Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de abrir investigação sobreos contratos de exclusividade na concessão de empréstimos consigna<strong>do</strong>s pelo Banco <strong>do</strong> Brasil foi publicadahoje no ―Diário Oficial‖. Com isso, o BB tem 15 dias para apresentar a sua defesa ou mesmo um recursocontra a decisão ―sob pena de revelia e confissão da matéria de fato‖.Rua Card oso d e Alm eida 7 8 8 cj 1 2 1 Cep 0 50 1 3 -00 1 São P aulo -SP Tel Fax 0 1 1 3 8 7 2 -2 60 9 / 3 67 3 -6 74 8www.ib rac.org.br email: i b r ac@ibrac.org.b r30
CLIPPING DO IBRAC N.º <strong>35</strong>/<strong>2011</strong> 05 a 11 de setembro de <strong>2011</strong>Pela decisão, tomada em 31 de agosto, o BB deve suspender imediatamente as cláusulas de exclusividadedesses contratos. Pelos empréstimos consigna<strong>do</strong>s, os bancos deduzem os valores <strong>do</strong>s empréstimos diretamenteda folha de pagamento <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res públicos. O problema, segun<strong>do</strong> o Cade, é que o BB estaria exigin<strong>do</strong> aexclusividade desse serviço nos contratos para a administração da folha de pagamentos de servi<strong>do</strong>res públicos.O BB deve recorrer contra a decisão antitruste. O banco entende que a competência para julgar as condutasdas instituições no merca<strong>do</strong> financeiro é <strong>do</strong> Banco Central, e não <strong>do</strong> Cade. O BC proibiu a exclusividade noconsigna<strong>do</strong> em Circular publicada em janeiro passa<strong>do</strong> e, desde então, o BB vem cumprin<strong>do</strong> essadeterminação.(Juliano Basile | Valor)EX-PRESIDENTE DA USIMINAS CRITICA GOVERNANÇA E NIPPON STEELPor Ivo Ribeiro | ValorSÃO PAULO - O ex-presidente da Usiminas, Marco Antônio Castello Branco, que coman<strong>do</strong>u a empresa dejunho de 2008 ao fim de maio de 2010, não poupa críticas à siderúrgica. O executivo, que foi destituí<strong>do</strong> <strong>do</strong>cargo por divergências na gestão com acionistas, executivos e funcionários, não poupa também a NipponSteel, principal acionista, cuja presença no bloco de controle ele vê como conflituosa, e o Clube <strong>do</strong>sEmprega<strong>do</strong>s da Usiminas (CEU), que deveria se retirar por estar desenquadra<strong>do</strong> em sua carteira deinvestimento.A Usiminas, desde o início <strong>do</strong> ano, está no meio de um imbróglio envolven<strong>do</strong> a entrada de novos acionistasem seu bloco de controle, com a saída de sócios atuais. A CSN, de Benjamin Steinbruch, e a Gerdau, dafamília <strong>do</strong> mesmo nome, são os principais interessa<strong>do</strong>s em adquirir participações da companhia. São da<strong>do</strong>scomo vende<strong>do</strong>res de suas ações, embora neguem, os grupos Camargo Corrêa e Votorantim. Juntos, eles têm26% <strong>do</strong> capital votante. O CEU, <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s, é também vende<strong>do</strong>r de sua participação de 10% de açõescom direito a voto.Para Castello Branco, tanto a entrada da Gerdau como a da CSN no bloco de controle da Usiminas nãoresolverá o problema de rentabilidade da Usiminas. Para ele, as origens <strong>do</strong>s problemas da empresa sãoprofundas e residem na estrutura industrial e na governança corporativa.O ex-CEO aponta que a Usiminas tem deficiências importantes, muitas delas em razão de suas instalações, deIpatinga e Cubatão, serem antigas. E que sua estratégia histórica de focar no merca<strong>do</strong> de aços nobres, de altovalor agrega<strong>do</strong>, esgotou-se diante das novas condições <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> global.―A sobrevalorização <strong>do</strong> real e o crescimento da participação <strong>do</strong> aço importa<strong>do</strong> no consumo aparente brasileirotornaram mais evidentes uma deficiência de competitividade técnica que estruturalmente já estava latente‖,afirma ele.Ao seu ver, a incorporação da Cosipa, que era <strong>do</strong>na da usina de Cubatão (SP) e no fim <strong>do</strong>s anos 90 estavaquebrada financeiramente e atrasada tecnologicamente, foi um <strong>do</strong>s fatores de atraso nos investimentos daUsiminas.Por outro la<strong>do</strong>, afirma ele, a siderúrgica mineira não foi capaz de antecipar o novo cenário de competição, e,quan<strong>do</strong> acor<strong>do</strong>u para o problema, se deparou com a crise gerada pela falência <strong>do</strong> Lehman Brothers, emsetembro de 2008.A Nippon, que é líder mundial em tecnologia, para ele, não percebeu esse desgaste ou reagiu muito tarde ―Osreflexos da obsolescência técnica nos custos de produção da Usiminas estão aí e afetam a capacidade daempresa de competir num ambiente mais severo‖, pontua Castello Branco.A estratégia de investir em mineração foi boa e pode ter efeitos positivos nos resulta<strong>do</strong>s, mas isso não serásuficiente na superação das deficiências de competitividade que ele mencionou. ―Vão se tornar, talvez, menosvisíveis. É uma questão que precisará ser enfrentada, mas vai custar não apenas muito dinheiro, masprincipalmente algum tempo‖.Sobre a governança da empresa, ele afirma que o seu modelo de gestão compartilhada não tem agilidade, poisas visões e os interesses estratégicos tendem facilmente a divergir e a tomada de decisões demanda consultase arranjos de cada um <strong>do</strong>s controla<strong>do</strong>res. ―Gerdau e CSN no Brasil são exemplos de siderúrgicas cujasgovernanças são marcadas pela presença de um único controla<strong>do</strong>r forte; possuem um único <strong>do</strong>no, o queassegura visão de futuro unificada e grande agilidade nas decisões‖.Para o ex-presidente, as dificuldades de governança da Usiminas residem na presença da Caixa <strong>do</strong>sEmprega<strong>do</strong>s (CEU) e da Nippon Steel no bloco de controle. Apesar de desenquadrada, pois tem seusinvestimentos concentra<strong>do</strong>s em ações da siderúrgica, ele diz que as resistências da CEU em atender as normasda Previc (Secretaria de Previdência) para enquadramento se justificam apenas pelo interesse que um grupode pessoas que gravita em torno da Caixa tem em permanecer influencian<strong>do</strong> o bloco de controle da empresa.Rua Card oso d e Alm eida 7 8 8 cj 1 2 1 Cep 0 50 1 3 -00 1 São P aulo -SP Tel Fax 0 1 1 3 8 7 2 -2 60 9 / 3 67 3 -6 74 8www.ib rac.org.br email: i b r ac@ibrac.org.b r31