06.02.2017 Views

Volume 4 - TARANTINO - Via: Ed. Alápis

Volume 4 - Tarantino

Volume 4 - Tarantino

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A ideia de relacionar ópera a Kill Bill – <strong>Volume</strong> 1 já estava presente na resenha<br />

de Wesley Morris publicada em livro organizado por Paul A. Woods em 2005.<br />

O crítico escreve, a respeito deste primeiro volume, que<br />

“Tarantino reinventa o filme de ação americano, lançando mão de seu usual<br />

arsenal de ilusões e verve para transformar pop arte em bagaceirice cult. O filme<br />

eleva violência grindhouse japonesa/de Hong Kong a um raro território operístico,<br />

sem deixar o gênero de artes marciais e os filmes de samurai fora do negócio. Ele<br />

os fundiu numa única espécie cinematográfica.” 8<br />

Operístico, diz Morris, num sentido mais cinematográfico, da parte de um<br />

diretor que é obviamente influenciado por Sergio Leone. Um tanto diferente<br />

do que defendemos aqui. Mas a ideia de fusão é pertinente. E ópera, afinal,<br />

é música usada para amarrar uma história cuja letra em forma de versos<br />

está contida em um libreto. O conceito que nos importa aqui é “música<br />

amarrando uma história”, o que se aplica perfeitamente a Kill Bill – <strong>Volume</strong><br />

1. Pois é a música que faz avançar a narrativa (como, aliás, em inúmeros<br />

filmes hollywoodianos), e mais: ela conduz nossas sensações para o mundo<br />

do cinema segundo Tarantino. Temos a fusão de suas referências visuais e<br />

musicais em um só filme. Chris Norris, por outro lado, prefere a ideia de<br />

“álbum do Wu-Tang” 9 , aproveitando que a direção musical do filme foi<br />

responsabilidade de RZA 10 , líder do importante grupo de hip hop Wu-Tang<br />

Clan. É um dado a não ser esquecido, uma vez que RZA modernizou alguns<br />

trechos e ajudou na fabricação do conceito musical. A ideia de ópera-pop,<br />

contudo, nos parece mais adequada.<br />

Um trunfo da concepção musical de Tarantino é a percepção de que o tipo de<br />

música usada nos westerns spaghetti cai perfeitamente em filmes japoneses<br />

(de samurai, de vingança, de yakuza, e mesmo num anime). Quem viu dois<br />

ou três filmes de Sergio Corbucci, Sergio Sollima ou Ferdinando Baldi sabe<br />

que suas trilhas caberiam perfeitamente em filmes como Yojimbo ou A Vida<br />

Floyd), Operation Mindcrime (Queensryche).<br />

8 MORRIS, 2012. p.320.<br />

9 NORRIS, 2004. A ideia de coletânea está presente em TRAVERS, 2012.<br />

10 RZA foi também o responsável pela trilha sonora de Ghost Dog (1999, Jim<br />

Jarmusch).<br />

100 MONDO <strong>TARANTINO</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!