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Volume 4 - TARANTINO - Via: Ed. Alápis

Volume 4 - Tarantino

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mas também é um sistema complexo de representação cultural, no qual o<br />

intercâmbio é tão complexo que o discurso de copyright atual não é capaz de<br />

diferenciar claramente entre infração de copyright e apropriação cultural,<br />

como fica claro em Kill Bill. Um exemplo interessante que demonstra a<br />

complexidade e contradição desse discurso de copyright de Hollywood é, outra<br />

vez, a cartela “Shaw Scope Wide Screen” vista em Kill Bill – <strong>Volume</strong> 1, que,<br />

até onde eu sei, está incluída nas versões de todos os países. É claramente<br />

uma indicação de pirataria; ou, mais apropriadamente, é contrária às leis<br />

comerciais. Mas, nesse caso, a pirataria de Tarantino se torna um ato de<br />

valor, porque a cartela não apenas é uma marca registrada, mas também<br />

chama a atenção para uma representação política específica. A cartela<br />

diferencia os fãs do estúdio Shaw, como o próprio Tarantino, daqueles<br />

adolescentes ocidentais que compõem a provável maioria dos espectadores,<br />

que não conhecem os filmes da Shaw. E o filme seria interpretado de<br />

maneira bastante diferente por aqueles que reconhecem a cartela da Shaw<br />

e aqueles que não. De Tarantino para Wong e para os fãs, a cartela é um<br />

código secreto que marca uma rede de comunidade, algo ao qual o discurso<br />

de copyright nunca se refere ou está preparado para compreender.<br />

Em seguida, avalio a complexidade de Hollywood como um cinema nacional<br />

americano focando precisamente nesses dois níveis de circunscrição cultural<br />

de Kill Bill: o discurso legal do copyright que define e protege o status do filme<br />

como commodity, assim como sua representação política, que permite que ele<br />

seja assimilado por espectadores do mundo todo.<br />

Cópia de ideia versus cópia de produto<br />

Para entender a cumplicidade entre Hollywood e o discurso de copyright que a<br />

serve, examinei primeiramente alguns dos princípios fundamentais desse<br />

discurso. O escopo atual da propriedade intelectual inclui patentes, marcas<br />

registradas, segredos comerciais e copyright. Enquanto os primeiros três<br />

protegem interesses comerciais e podem ser mais facilmente conceituados<br />

no discurso legal, o copyright é ambíguo, já que pretende prover incentivo à<br />

criação e distribuição de obras criativas e, portanto, faz parte do complexo<br />

COPIANDO KILL BILL<br />

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