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Volume 4 - TARANTINO - Via: Ed. Alápis

Volume 4 - Tarantino

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Bastardos Inglórios • divulgação<br />

Aldo Reine recrutar seu pelotão. Em um discurso que procura explicar aos<br />

recrutas as razões da missão, ele diz: “Não sei quanto a vocês, mas eu não<br />

saí de uma maldita montanha do Tennessee, atravessando 9mil km de<br />

águas e mais metade da Sicília lutando, para saltar da porra de um avião e<br />

ensinar lições humanitárias aos nazistas. Nazista não tem humanidade”. A<br />

frieza cool se faz presente e é o que garante a desforra apoteótica do massacre<br />

final, cuja finalidade, assim como em Django Livre, seria inspirar no público<br />

algo como a sensação de que uma ofensa foi reparada, espécie de ritual<br />

contemporâneo de expiação dos pecados. Agora não é mais necessário desviar<br />

o olhar da tela; ao contrário, é possível usar a sala escura como espaço para<br />

o sadismo voyeurístico, gozar com o massacre. Surge assim uma nova fase<br />

de exploração industrial da violência, agora representada como legítima,<br />

desejável, risível, cool; a segurança do retorno à normalidade propicia o<br />

deleite sádico com a violência da vingança cinematográfica. O problema<br />

certamente não está na desforra em si. Quem, nas mesmas condições de<br />

opressão, diante de uma oportunidade, não daria um destino violento a seu<br />

algoz? A questão é que o “revide” ocorre unicamente na chave do espetáculo.<br />

Não são imagens que inspiram uma resposta às normas; ao contrário, são<br />

imagens para o mero deleite. A satisfação sem que nada seja alterado.<br />

***<br />

170 MONDO <strong>TARANTINO</strong>

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