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Volume 4 - TARANTINO - Via: Ed. Alápis

Volume 4 - Tarantino

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falhado ao atenuar as características menos palatáveis ao “gosto médio” de<br />

sua marca, voltou-se a projetos que a exacerbassem e amplificassem, que a<br />

tornassem seu próprio estofo e razão, projetos de filmes feitos puramente de<br />

referências pop, de diálogos saturados de cinismo, ironia e verborragia, de<br />

ação e violência extremos.<br />

Sua estratégia consistiu em reforçar as marcas taranstinescas em projetos<br />

monumentais, mas comercialmente inviáveis, como seriam comprovadas<br />

as propostas iniciais de lançamento de Kill Bill e Grindhouse, como filmes<br />

de mais de três horas de duração, com direito a cartelas e “falsos trailers”<br />

próprios, prólogo, epílogo e interlúdios – como novas propostas de<br />

experiência do cinema, enfim. Ou seja, há mesmo nessa segunda fase<br />

da carreira de Tarantino, de Kill Bill a Grindhouse, uma tentativa de não se<br />

curvar às convenções do mercado e do “grande público”, uma tendência a<br />

permanecer criando para uma audiência restrita, um determinado nicho<br />

que preza justamente por manter-se alheio às formas mais massificadas<br />

– menos particulares e, portanto, menos cool – do consumismo cultural.<br />

Mas se o cinema de Tarantino apontou, principalmente em seu início de<br />

carreira, novos caminhos para a indústria cinematográfica, é provável<br />

que naquele período intermediário de sua carreira, em seus “fracassados”<br />

projetos de ressurreição épica de fórmulas marginalizadas dos anos 1970, Kill<br />

Bill e Grindhouse tal como concebidos, Tarantino tenha estado mais perto de<br />

apontar os caminhos de um cinema ainda por vir.<br />

É possível conjecturar que, seguindo a indústria do cinema o caminho<br />

atualmente previsto, de multiplicação e expansão das formas de<br />

tridimensionalidade e interatividade – de conversão com a indústria dos<br />

videogames, portanto –, os filmes de Tarantino venham a se constituir em<br />

matrizes apropriadas para experiências sensoriais e imersivas. É possível<br />

sugerir que algumas características dos filmes de Tarantino venham a servir<br />

muito bem a projetos dessa suposta forma majoritária de cinema do futuro,<br />

justamente os aspectos considerados mais “tarantinescos”, aqueles que<br />

efetivamente fazem a alegria dos fanáticos: a ultraviolência, a saturação<br />

148 MONDO <strong>TARANTINO</strong>

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