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Volume 4 - TARANTINO - Via: Ed. Alápis

Volume 4 - Tarantino

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Outros roteiros de Lydia não tem nada disso. Eles se centram em larga<br />

medida no teor dramático do enredo e normalmente tem forte apelo<br />

sentimental. Isso não significa que essa característica esteja ausente<br />

do episódio dirigido por Tarantino. Em Maternidade, é sempre sobre uma<br />

narrativa melodramática que Tarantino mostra sua marca. Entendemos<br />

“melodrama” aqui como gênero mais amplo de narrativa, mais evidente<br />

no cinema clássico de Hollywood e nas novelas, em que se busca comover o<br />

espectador e, ao mesmo tempo, lhe transmitir lições morais 5 .<br />

Esse fundo melodramático é um dos aspectos que impõe dificuldades ao<br />

reconhecimento de que se trata de um episódio dirigido por Tarantino 6 .<br />

Afinal, estamos acostumados a ver seus personagens passarem longe<br />

dos princípios morais estabelecidos, como o perdão, a obediência à lei, a<br />

compaixão etc. Em seus filmes, os personagens partilham de um código<br />

ético, pautado em amizade, lealdade, esperteza e honra, que corre em<br />

paralelo à moral tradicional. Esse código marginal está totalmente ausente<br />

de Maternidade.<br />

CSI: episódio Perigo a sete palmos (2005)<br />

À diferença da circunstância em que foi chamado para dirigir Plantão Médico,<br />

Tarantino já era um diretor consagrado quando foi convidado para dirigir<br />

e roteirizar CSI. Além de Pulp Fiction e Cães de Aluguel, ele já havia feito Jackie<br />

Brown e Kill Bill. Esses antecedentes lhe renderam créditos: ele não somente<br />

foi convidado para dirigir o episódio, mas também escreveu seu roteiro.<br />

E, para completar, lhe foram dados, não apenas o último, mas os dois<br />

episódios finais da temporada. Trata-se de uma oportunidade rara para<br />

alguém de fora da indústria televisiva americana.<br />

É necessário mencionar, todavia, que Tarantino já conhecia bem a série.<br />

5 Para Linda Williams, o melodrama não se refere a um gênero que se opõe, pelo<br />

excesso, ao realismo do cinema de Hollywood. Ao contrário, a autora considera<br />

o melodrama a forma mais geral de narrativa da cultura norte-americana. Ver<br />

WILLIAMS, 1998.<br />

6 Em seu livro O Cinema de Quentin Tarantino, Mauro Baptista afirma que a obra<br />

de Tarantino ora ironiza, ora se opõe à estrutura do melodrama clássico.<br />

34 MONDO <strong>TARANTINO</strong>

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