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Volume 4 - TARANTINO - Via: Ed. Alápis

Volume 4 - Tarantino

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se tornaram grandes filmes só por terem sido escritos por ele. O primeiro<br />

tem momentos interessantes (Gary Oldman como um cafetão que pensa que<br />

é negro, Dennis Hopper dizendo ao mafioso siciliano que todos os sicilianos<br />

descendem dos negros), mas sofre com a afetação e afobação do diretor<br />

Tony Scott. O segundo é sensacionalista e igualmente afetado – pode ser<br />

considerado o pior filme dirigido por Oliver Stone e um dos piores filmes da<br />

década de 1990. Somente o terceiro, cuja definição poderia ser “Tarantino<br />

sob efeito de aditivos”, traz consigo algum talento cinematográfico para<br />

além da escrita do roteiro. Seu diretor, Robert Rodriguez, a quem Tarantino<br />

chama de irmão, tem uma boa ideia do que fazer com a câmera e com os<br />

efeitos especiais (algo que ele exploraria melhor em Sin City – A Cidade do<br />

Pecado, outro trabalho em parceria com Tarantino). Mas é necessário o<br />

domínio do ritmo que Tarantino atingiu plenamente no primeiro Kill Bill.<br />

Após Kill Bill – <strong>Volume</strong> 2, Tarantino perdeu boa parte de seu fôlego. Seus<br />

filmes já não revelam o domínio do ritmo ou a habitual destreza na<br />

administração das influências. Os três últimos, À Prova de Morte, Bastardos<br />

Inglórios e Django Livre, sofrem de excesso de preciosismo didático ou de<br />

exagero na mistura de gêneros – mal que acomete principalmente os dois<br />

últimos, como se Tarantino precisasse a todo custo misturar esses gêneros<br />

e estilos para ser reconhecido como autor. Os crossovers são inúmeros e quase<br />

sempre forçados, principalmente em Django Livre. Os diálogos femininos<br />

da segunda parte de À Prova de Morte parecem feitos por alguém querendo<br />

imitar o estilo de Tarantino. Todos os rápidos flashbacks de Bastardos<br />

Inglórios atingem o patético, sobretudo aquele em que Shoshanna imagina<br />

Goebbels e sua secretária italiana (a mesma Julie Dreyfus que interpretou<br />

Sofie Fatale em Kill Bill) em posições nada pudicas. Os de Django Livre são<br />

menos constrangedores, mas o diretor de fotografia Robert Richardson<br />

(com quem Tarantino trabalha desde Kill Bill) tem sempre a má ideia de<br />

estourar a luz, fazendo imagens publicitárias. Richardson contaminou o<br />

filme de Tarantino com o tipo de fotografia utilizada por ele em Assassinos<br />

por Natureza. Em Bastardos Inglórios, o plano geral que mostra o saguão do<br />

cinema de Shoshanna na estreia do filme de Goebbels, com a seta indicando<br />

110 MONDO <strong>TARANTINO</strong>

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