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Volume 4 - TARANTINO - Via: Ed. Alápis

Volume 4 - Tarantino

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Em janeiro de 1992, antes da estreia em Sundance, Tarantino – então com<br />

28 anos – era um desconhecido. Em março de 1995, na noite do Oscar (em<br />

que comemorou também seu 32º aniversário), havia se tornado “o cara”.<br />

Ainda brevíssima, a filmografia já era admirável e orgânica, de acordo com<br />

a tradição de noviços também extraordinários como Orson Welles e François<br />

Truffaut: os longas que dirigiria em seguida se manteriam alinhados – às<br />

vezes com pequenas variações em torno dos mesmos temas e procedimentos<br />

– ao perfil de autor que se desenhou em Cães de Aluguel e Pulp Fiction. Nesse<br />

“primeiro Tarantino”, vislumbra-se o arco de toda a obra. A “filmografia”<br />

pela qual ele atualmente diz zelar (e que inclui apenas os filmes dirigidos por<br />

ele, e não aqueles em que só assina o roteiro ou divide o crédito de direção)<br />

exibe, desde a origem, os traços distintivos de um dos cineastas-chave da<br />

virada de milênio.<br />

Para identificar os motivos que o caracterizaram como novidade explosiva<br />

no cenário dos anos 1990, vamos por partes, como diria Mr. Blonde (ou Vic<br />

Vega), o personagem de Michael Madsen em Cães de Aluguel, em registro de<br />

humor negro característico das figuras do cineasta. E comecemos pela parte<br />

que, desde o início até Django Livre, jamais deixou de provocar polêmica: o uso<br />

da violência. Mr. Blonde, por sinal, tem papel relevante nessa história. A<br />

sequência em que ele corta a orelha de Mr. Orange (ou Freddy, interpretado<br />

por Tim Roth) tornou-se, para o bem e para o mal, uma síntese da brutalidade<br />

nos filmes de Tarantino. Não se trata de um momento solitário de violência<br />

no filme; tiroteios e sangue se espalham por toda a trama. Há, no entanto,<br />

um componente sádico no comportamento de Mr. Blonde, ressaltado pela<br />

cadenciada progressão de suas ações, que se desenrolam enquanto ouvimos,<br />

graças à irônica discotecagem providenciada pelo gângster enquanto se<br />

dedica à mutilação, a canção pop Stuck in the Middle With You.<br />

O que se desenrola ali é um espetáculo de violência, com a brutalidade<br />

usada não só como um instrumento dramático para o andamento da ação,<br />

mas como um elemento que se pretende sedutor em si. Em Pulp Fiction,<br />

síntese equivalente pode ser encontrada na sequência em que Vincent Vega<br />

O ADVENTO DE <strong>TARANTINO</strong>: O IMPACTO DE UM TALENTO SINGULAR<br />

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