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Volume 4 - TARANTINO - Via: Ed. Alápis

Volume 4 - Tarantino

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Naquele momento, Tarantino parecia querer encontrar outro caminho para<br />

sua carreira e seu cinema – em busca, talvez, de um resultado um pouco<br />

menos tarantinesco.<br />

De Jackie Brown a Django Livre: os caminhos da carreira de Tarantino<br />

Depois de ter-se tornado famoso e requisitado com dois filmes que<br />

superaram em muito suas expectativas de bilheteria (Cães de Aluguel e Pulp<br />

Fiction), Tarantino lançou-se a um projeto de aparente – e posteriormente<br />

confirmado – pouco apelo comercial, estrelado por um ator e uma atriz<br />

praticamente desconhecidos do público jovem dos anos 1990. Tratava-se,<br />

ainda, de um novo filme do gênero que o consagrara, com diversas das suas<br />

marcas de estilo já então estabelecidas. Porém, mesmo com todo o esforço<br />

para repetir a fórmula de seu sucesso (filme de gângster com referências<br />

pop) e ao mesmo tempo atenuar certos aspectos saturados pela repetição e<br />

pela cópia (a ultraviolência, o multiplot), ou talvez justamente por causa desse<br />

excesso de zelo e cálculo, o resultado de Jackie Brown ficou aquém do esperado.<br />

Se não pode ser considerado um fracasso de bilheteria, com sua arrecadação<br />

doméstica tendo mais do que triplicado seu custo de produção de doze<br />

milhões de dólares, Jackie Brown tampouco teve repercussão comparável a de<br />

Cães de Aluguel ou arrecadação em bilheteria que fizesse sombra às centenas de<br />

milhões acumulados por Pulp Fiction.<br />

Não à toa, Tarantino experimentou entre Jackie Brown e Kill Bill o maior<br />

intervalo de sua carreira entre dois longas-metragens. Certamente<br />

pesou sobre ele a sensação de que seu terceiro filme não correspondera às<br />

expectativas de ninguém, frustrando os fiéis fãs conquistados com seu<br />

bombardeio de referências, violência e piruetas narrativas, e, ao mesmo<br />

tempo, não conquistando nas bilheterias os possíveis neófitos de perfil<br />

conservador que um filme mais “adulto” pudesse atrair, tampouco nas<br />

críticas, festivais e premiações o respeito daqueles que “torciam o nariz”<br />

para seu estilo em estado mais bruto. O caminho percorrido por Tarantino<br />

durante os seis anos que ele levou para tentar sua primeira “volta por cima”<br />

foi justamente o oposto do trilhado rumo a Jackie Brown: presumindo ter<br />

De Jackie Brown a Django Livre: influência, apropriação e black music<br />

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