Gestão Hospitalar N.º 10 2017
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Na minha opinião, os aspetos e competências técnicas<br />
devem ser transmitidos numa base interativa<br />
mediante case studies, casos reais, e fazendo<br />
com que os estudantes ou os participantes<br />
do programa de formação assumam e demonstrem<br />
as suas capacidades de liderança perante a turma.<br />
Assim, os estudantes não têm apenas um professor,<br />
mas também uma série de colegas que ajudam a perceber<br />
qual a causa da falha ou o que levou ao sucesso<br />
de determinada medida ou situação.<br />
GH: Neste âmbito, face à existência de formação<br />
especializada para a gestão de serviços de saúde,<br />
qual a perspetiva que tem sobre a obrigatoriedade<br />
da mesma para aceder/exercer cargos de gestão,<br />
seja a nível intermédio ou superior, em organizações<br />
de saúde?<br />
MS: Poderia falar sobre isto durante semanas. Mas a minha<br />
opinião é que quando pegamos nesses estudantes e nos<br />
participantes dos nossos programas executivos e de especialização,<br />
o que eles experienciam no primeiro semestre é<br />
como se os transportássemos numa viagem da mente.<br />
Eles alteram completamente a perspetiva que têm sobre<br />
o significado económico ou legal do que rodeia o sistema.<br />
Portanto têm uma visão do sistema, mas a compreensão<br />
e a forma de abordagem do mesmo, compreensão dos problemas<br />
e modo de os ultrapassar – isto é um módulo que<br />
ministramos a todos os participantes – muda completamente<br />
a perspetiva deles em 180<strong>º</strong> e eles transmitem-nos<br />
isso mesmo.<br />
O outro módulo que definitivamente temos que lecionar é<br />
o módulo da mudança. Em que eles têm de compreender<br />
que o que quer que façam seja em relação ao que for, vem<br />
e vai. Têm de estar prontos para se adaptarem, assumindo<br />
o desafio da mudança, atuando quase como políticos – não<br />
quer dizer que tenham de saber fazer política, mas sim<br />
que sejam capazes de traduzir os aspetos essenciais do<br />
ambiente que caracteriza a qualidade para as pessoas da<br />
organização e de capacitar a organização para se adaptar<br />
aos desafios impostos pela mudança.<br />
Na minha opinião, os aspetos e competências técnicas devem<br />
ser transmitidos numa base interativa mediante case<br />
studies, casos reais, e fazendo com que os estudantes ou<br />
os participantes do programa de formação assumam e demonstrem<br />
as suas capacidades de liderança perante a turma.<br />
Assim, os estudantes não têm apenas um professor,<br />
mas também uma série de colegas que ajudam a perceber<br />
qual a causa da falha ou o que levou ao sucesso de determinada<br />
medida ou situação.<br />
O que quero dizer é que temos de implementar a prática,<br />
utilizando casos de estudo reais da vida das organizações<br />
na sala de aula e estamos a pensar em alterar completamente<br />
o nosso currículo com base nestes case studies.<br />
GH: Face à complexidade inerente às instituições<br />
em causa, quais considera serem as mais-valias<br />
para as organizações resultantes da integração<br />
de gestores especializados na área?<br />
MS: Eu apontaria três. A primeira é o desenvolvimento de<br />
um programa de gestão institucional, ou seja, promover<br />
que uma instituição trabalhe em conjunto. Trabalharmos<br />
em projetos de mudança conjunta que é um bom trabalho<br />
prático e esta forma de trabalho é a que preferimos e a<br />
que tem tido muito sucesso.<br />
A segunda são os programas de gestão de mudanças. Os<br />
participantes, de forma individual ou em pequenas equipas,<br />
trazem mudanças para os projetos e a supervisão regular,<br />
discussão e análise dos processos ajuda-os nessas<br />
mesmas mudanças.<br />
A terceira é a crise de comunicação e a gestão de crise.<br />
Estas duas situações fazem-nos aprender e levam-nos a<br />
ter mais experiência. A gestão de crise ou a crise de comunicação<br />
pode ser muito importante para a formação dos<br />
participantes.<br />
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