Gestão Hospitalar N.º 10 2017
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um projeto-piloto, designado por HIGH CARE, que teve<br />
diversas fases evolutivas, tendo como desígnio inicial a implementação<br />
de um modelo de administração de medicamentos<br />
em circuito fechado (closed-loop medication administration<br />
– CLMA). Foi constituída uma equipa para liderar<br />
este projeto, garantindo uma perspetiva multidisciplinar e<br />
muito conhecedora da realidade operacional, incluindo enfermeiros,<br />
médicos, farmacêuticos, assistentes operacionais<br />
e elementos da equipa de gestão (Eficiência e Melhoria<br />
Contínua, Logística, Sistemas de Informação, Produção,<br />
Qualidade e <strong>Gestão</strong> de Risco, entre outros), bem como representantes<br />
dos fornecedores externos (Glintt, BIQ).<br />
De facto, os objetivos iniciais passaram por melhorar<br />
a segurança, reduzindo o potencial de erros de administração<br />
de medicação, o que foi largamente alcançado nas<br />
primeiras fases do projeto (Figura 1). O novo sistema de<br />
CLMA (sistema MAPP® – Mobile App Platform) passou<br />
a permitir a validação completa do processo através do<br />
scan da pulseira do doente e dos respetivos medicamentos<br />
com elevada performance operacional, garantindo a<br />
rastreabilidade do medicamento e atingindo os “cinco certos”<br />
(o doente certo, recebe a dose certa, do medicamento<br />
certo, no momento certo, pela via certa). Foram, também,<br />
adquiridos computadores portáteis (COW – Computer on<br />
Wheels), que permitiram a visualização de informação<br />
clínica e a elaboração de registos de enfermagem junto ao<br />
doente. Foi nesta fase que se obtiveram os maiores outcomes<br />
em termos de eficiência operacional, com reduções de<br />
quase 2 horas por enfermeiro por turno (Figura 3), libertando<br />
a enfermagem de atividades e sistemas ineficientes.<br />
Embora a redução do tempo com tarefas que não adicionam<br />
valor ao processo tenha sido uma conquista notável,<br />
a par da incontornável mais-valia com a minimização<br />
dos erros de administração terapêutica, persistia a dúvida<br />
sobre se estes outcomes seriam transformados em benefícios<br />
efetivos para o doente e percecionados por este. A<br />
equipa operacional continuava a demonstrar preocupações<br />
em garantir uma maior proximidade com o doente<br />
em diversos pontos do processo (preparação da medicação,<br />
elaboração de registos clínicos, entre outros).<br />
Na fase mais recente do projeto (Figura 2) estruturou<br />
e formalizou alterações procedimentais e comportamentais<br />
das equipas de enfermagem, fundamental para<br />
garantir a efetividade do CLMA e para que as práticas se<br />
traduzissem numa maior disponibilidade e proximidade<br />
para cuidar melhor do doente internado. Com o objetivo<br />
último de ir ao encontro da melhor experiência para o<br />
doente, e seguindo as best-practices internacionais [5] ,<br />
desde janeiro de <strong>2017</strong> que o Hospital de Cascais passou a<br />
avaliar o Net Promoter Score (NPS) relativo aos cuidados<br />
de enfermagem dos serviços de internamento. Efetivamente,<br />
esta abordagem focada na experiência e lealdade<br />
do doente representou uma mudança de paradigma na<br />
cultura interna dos colaboradores e da equipa de gestão.<br />
Após o sucesso desta métrica em diversos outros setores<br />
de atividade, o NPS começa a ser progressivamente usado<br />
nos serviços de saúde, pela sua métrica simples, direta e<br />
de fácil aferição [12] , sendo, inclusivamente, um forte indicador<br />
de crescimento sustentável e orgânico e garantindo<br />
uma orientação de recursos mais eficiente. Consegue-se,<br />
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