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Gestão Hospitalar N.º 10 2017

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hospitais estão em risco de se tornar obsoletos ou ultrapassaram<br />

já esse limite”, acrescentou, classificando como<br />

“urgente” a necessidade de encontrar soluções para resolver<br />

estes “graves problemas”, sob pena de ocorrer uma<br />

deterioração do serviço prestado.<br />

O presidente da APAH admitiu que é real a existência<br />

de um conjunto de pressões sobre os custos e que<br />

“a falta de autonomia dos hospitais limita a capacidade<br />

de ação dos conselhos de administração e<br />

a sua missão de gerir os profissionais de saúde”. “O conjunto<br />

de restrições que existe ao nível da contratação<br />

limita a capacidade dos hospitais em resolver<br />

os seus problemas internos, levando à frustração dos<br />

profissionais de saúde e, em última instância, à deterioração<br />

dos cuidados de saúde prestados”.<br />

Embora considerando que os administradores hospitalares<br />

compreendam os anseios dos profissionais de saúde<br />

e as dificuldades que atravessam, salientou que há “linhas<br />

vermelhas que não devem ser ultrapassadas”. “Cabe-nos<br />

a nós, administradores hospitalares, defender<br />

os direitos dos doentes e a sustentabilidade do<br />

sistema de saúde. E essa sustentabilidade depende da<br />

confiança que os portugueses têm do serviço que<br />

prestamos. A confiança é o nosso último bastião”, alertou<br />

o presidente da APAH. Na sua opinião, “quando esse<br />

elo com os portugueses se quebrar, o SNS deixará de existir”,<br />

concluindo que é tempo de operar e liderar a mudança<br />

do sistema.<br />

A 2.ª Conferência de VALOR APAH contou, ainda,<br />

com a participação de vários oradores estrangeiros, com<br />

destaque para as comunicações de Rafael Bengoa,<br />

Ministro da Saúde do País Basco entre 2009 e 2012 e a<br />

trabalhar na OMS há 15 anos, e de Miklós Szócska, ex-<br />

-Ministro da Saúde da Hungria.<br />

O especialista espanhol, hoje diretor do Instituto para<br />

a Saúde e Estratégia, sedeado em Bilbao, Espanha, numa<br />

comunicação intitulada “Salvar o sistema de saúde”,<br />

abordou a necessidade de mudar os atuais modelos,<br />

sob pena de assistirmos à sua falência a breve trecho,<br />

frisando que o atual sistema de saúde “já não é o necessário”,<br />

alegando que a realidade mudou e que estamos<br />

prestes a enfrentar alterações ainda mais profundas: “temos<br />

um grande problema com a demografia e nos próximos<br />

oito anos vamos ter o mesmo nível de mudança que<br />

tivemos nos últimos 40. Os sistemas de saúde não estão<br />

a acompanhar esse ritmo, não se autorregulam e se não<br />

fizermos alguma coisa vamos obviamente ficar para trás”,<br />

reiterando que a mudança necessária é “urgente” e<br />

tem de ser liderada pela classe política.<br />

“A pressão que é feita pelo aumento demográfico<br />

só tem solução construindo um novo modelo de<br />

assistência”, sublinha o espanhol, que foi também conselheiro<br />

da administração Obama para o Obamacare. E acrescenta<br />

que “estamos a fazer a medicina deste século com o<br />

modelo do século passado”, sendo que, no seu entender,<br />

esperar que o sistema de saúde se autorregule “não será<br />

solução”. “É preciso ação ao nível político, o que significa o<br />

desenho de uma visão e de uma transformação para os sistemas<br />

de saúde. Os políticos têm de conseguir esta mudança,<br />

pois, se não o fizerem, o sistema vai colapsar”, vaticina.<br />

Rafael Bengoa admite que a responsabilidade<br />

destes atores é dupla, “pois, têm de ser capazes de<br />

gerir as dificuldades económicas que enfrentamos<br />

hoje e, ao mesmo tempo, assumir uma responsabilidade<br />

estratégica, introduzindo o modelo assistencial<br />

de saúde, que tem de ser construído e introduzido<br />

passo a passo”.<br />

Assim, embora confirme que as mudanças necessárias<br />

à transformação têm de ter o impulso da classe política,<br />

Rafael Bengoa reconhece que esta precisa de apoio para<br />

as implementar. “Os políticos têm as suas carreiras, as suas<br />

necessidades e nós, especialistas, temos o papel de ajudar<br />

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