Newslab 144
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
diagnóstico por imagens<br />
Síndrome de Boerhaave<br />
Autores: Elker Philipe Fernandes de Abreu | Klaus Schumacher<br />
Definição<br />
É uma perfuração esofágica transmural espontânea, geralmente,<br />
associada a múltiplos vômitos. Conceitualmente, é diferente da<br />
Síndrome de Mallory-Weiss, onde você tem apenas lacerações da<br />
mucosa, e um quadro de hemorragia digestiva alta.<br />
Epidemiologia<br />
É uma condição incomum, grave e<br />
potencialmente letal se não tratada a<br />
tempo. Corresponde a apenas 15% das<br />
perfurações esofágicas.<br />
Fisiopatologia<br />
A combinação de um aumento súbito<br />
da pressão intraesofágica, combinada à<br />
redução da pressão intratorácica e um<br />
fechamento do músculo cricofaríngeo<br />
é o mecanismo responsável pela lesão<br />
esofágica. O contexto mais comum são<br />
múltiplos vômitos.<br />
Este conjunto de forças gera uma ruptura<br />
transmural longitudinal de alguns<br />
centímetros (~2,2 cm) no aspecto posterolateral<br />
(mais comumente à esquerda)<br />
do esôfago intratorácico (segmento mais<br />
acometido, ~90%), cerca de 3-6 cm acima<br />
do diafragma.<br />
Outras circunstâncias mais incomuns<br />
(e até curiosas) são: parto, tosse prolongada,<br />
risadas, levantamento de peso,<br />
convulsões, crise asmática, manobra de<br />
Heimlich e até durante o sono.<br />
É mais comum ocorrer em um esôfago<br />
normal, embora em alguns casos existe<br />
patologia subjacente (como Barret, esofagite<br />
eosinofílica...).<br />
Apresentação clínica<br />
Queixa de dor retroesternal importante<br />
de início abrupto ou insidioso, precedido<br />
por importante quadro de vômitos<br />
(os vômitos podem estar ausentes em alguns<br />
casos). Associa-se, ainda, dispneia e<br />
choque circulatório mais tardiamente. No<br />
exame físico uma pista importante é a<br />
presença de enfisema subcutâneo.<br />
Tríade de Meckler: Vômitos + dor retroesternal<br />
+ enfisema subcutâneo<br />
Os sintomas podem ser variáveis na<br />
dependência do local e tamanho da perfuração:<br />
dor cervical (para perfurações<br />
altas) e dor epigástrica (para àquelas<br />
intra-abdominais).<br />
Diagnóstico<br />
A história clínica é a dica para um exame<br />
de imagem definidor.<br />
Imagem<br />
Radiografia simples<br />
A radiografia simples identifica sinais<br />
indiretos: (1) alargamento do mediastino<br />
(2) pneumomediastino (3) pneumotórax<br />
e (4) derrame pleural (geralmente à esquerda).<br />
Uma radiografia normal não é<br />
capaz de excluir o diagnóstico.<br />
Entre os sinais da radiologia convencional<br />
destaca-se:<br />
• Sinal do V de Naclerio: linha radiolucente<br />
vertical que cruza e forma o vértice<br />
do ‘V’ quando atinge outra linha radiolucente<br />
horizontal que acompanha o<br />
hemidiafragma esquerdo. É um sinal de<br />
pneumomediastino e está presente em<br />
apenas 10-20% dos casos.<br />
Radiografia contrastada<br />
O esofagograma com contraste iodado<br />
demonstra extravasamento extraluminal<br />
do meio de contraste através<br />
da parede lateral esquerda do esôfago<br />
e imediatamente acima da junção gastroesofágica.<br />
Podem ocorrer resultados<br />
falso negativos.<br />
Tomografia computadorizada<br />
Exame de maior sensibilidade para a<br />
visibilização direta da descontinuidade<br />
das camadas do esôfago, como também<br />
para identificação de achados secundários<br />
à perfuração: (1) espessamento<br />
parietal esofágico (2) gás periesofágico<br />
(3) pneumomediastino (na ausência de<br />
lesão traqueal) (4) pneumotórax e (5)<br />
derrame pleural.<br />
Em alguns casos, a confirmação de<br />
descontinuidade transmural pode ser<br />
feita com o uso de contraste via oral.<br />
044<br />
Revista NewsLab | Out/Nov 17