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DE 4826 : Plano 56 : 1 : P.gina 1 - Económico

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10 Diário Económico Quarta-feira 24 Fevereiro 2010<br />

<strong>DE</strong>STAQUE FRACASSO DA OPA À CIMPOR<br />

Cenários que vão decidir<br />

ofuturodaempresa<br />

Camargo Corrêa e Votorantim decidem o futuro da Cimpor.<br />

Mas Fino e BCP também têm uma palavra a dizer.<br />

Nuno Miguel Silva<br />

nuno.silva@economico.pt<br />

Apesar de OPA da CSN sobre a<br />

Cimpor ter falhado, o futuro da<br />

cimenteira portuguesa ainda<br />

continua uma incógnita, com<br />

várias possibilidades que só poderão<br />

ser confirmadas ou rejeitadas<br />

ao longo das próximas semanas<br />

ou meses. Camargo Corrêa e<br />

Votorantim vão liderar este processo.<br />

Numa segunda linha, serão<br />

relevantes as decisões de Manuel<br />

Fino, do fundo de pensões<br />

do BCP e da própria Autoridade<br />

brasileira da Concorrência. Na<br />

ribalta, poderão ainda (res)surgir<br />

intervenientes como a Caixa Geral<br />

de Depósitos, Teixeira Duarte,<br />

Holcim, Pedro Queiroz Pereira,<br />

Luís Champalimaud ou um ilustre<br />

desconhecido até à data. O<br />

Diário Económico traça alguns<br />

doscenáriospossíveiseasrespectivas<br />

implicações.<br />

1<br />

CAMARGO E VOTORANTIM<br />

FAZEM PACTO <strong>DE</strong> GESTÃO<br />

Esteéocenáriomaispacífico.A<br />

Camargo Corrêa e a Votorantim<br />

chegam a uma plataforma de<br />

entendimento para dividir a<br />

gestão da Cimpor de uma forma<br />

rotativa e equitativa. Com estes<br />

dois grupos a liderar resta pouca<br />

margem para outros accionistas<br />

terem algum poder à frente dos<br />

destinos da cimenteira portuguesa.<br />

Para isso, os dois grupos<br />

brasileiros têm de partir de uma<br />

garantia, que passa pela aceitação<br />

das autoridades brasileiras<br />

da concorrência ao negócio e às<br />

suas implicações no Brasil, aceitando<br />

a redução da quota de<br />

mercado conjunta, com venda<br />

de activos. Só que esta eventual<br />

alienação de activos da Votorantim<br />

e da Camargo Corrêa no Brasil<br />

não pode abranger os da Cimpor,<br />

se não acciona a cláusula de<br />

recompra de acções pela Teixeira<br />

Duarte à Camargo (ver ponto 5).<br />

2<br />

CAMARGO E VOTORANTIM<br />

ENTRAM EM GUERRA<br />

ACamargoCorrêaeaVotorantim<br />

assumem definitivamente as suas<br />

rivalidades e não se entendem<br />

18 de Dezembro 2009<br />

A Companhia Siderúrgica Nacional<br />

(CSN) anuncia o lançamento de uma<br />

OPA sobre a totalidade do capital da<br />

Cimpor, a 5,75 euros por acção. A<br />

administração da Cimpor aconselha<br />

os investidores a não venderem as<br />

suas acções, considerando hostil a<br />

proposta da CSN e insuficiente o<br />

preço oferecido pelos brasileiros.<br />

numa solução para a Cimpor. Se<br />

nenhum deles quiser abdicar da<br />

sua posição accionista, prolongase<br />

a guerrilha accionista em que a<br />

Cimpor vive há vários anos, mas<br />

com outros protagonistas. O primeiro<br />

episódio desta batalha deverá<br />

ser já na assembleia-geral<br />

(ordinária ou extraordinária) em<br />

que serão votados os novos órgãos<br />

sociais, provavelmente com o<br />

aparecimento de duas ou mais listas<br />

concorrentes. Neste cenário,<br />

actuais accionistas como o fundo<br />

de pensões do BCP, Manuel Fino<br />

ou a Caixa ganham poder e poderão<br />

ser decisivos consoante se<br />

mantenham aliados a um ou outro<br />

parceiro, vendam a sua posição<br />

a um deles ou alienem a um<br />

terceiro protagonista. A saída<br />

para esta situação conflituosa<br />

passa por um dos grupos vender a<br />

sua posição (ver ponto 3).<br />

Um pacto entre<br />

a Camargo Corrêa<br />

e a Votorantim para<br />

dividirem a gestão<br />

da Cimpor é o cenário<br />

mais provável.<br />

3<br />

CSN COMPRA À CAMARGO<br />

OU À VOTORANTIM<br />

Se os dois gigantes brasileiros<br />

não se entenderem e um decidir<br />

vender, a CSN é um interessado,<br />

que já disse não se importar de<br />

ficar em minoria na Cimpor, em<br />

associação com um dos outros<br />

grupos brasileiros. Mas, essa é<br />

uma opção de difícil exequibilidade,<br />

apesar de o preço final da<br />

operação ser sempre o factor decisivo.<br />

É que a entrada da Votorantim<br />

e da Camargo Corrêa no<br />

capital social da Cimpor teve por<br />

base a tentativa destes grupos de<br />

impedir a entrada da CSN no<br />

mercado cimenteiro global, pelo<br />

que uma venda à CSN depois de<br />

esta ter falhado a OPA pode não<br />

parecer um desenlace lógico. Se<br />

for a Votorantim a vender resolve<br />

o problema da concorrência<br />

no Brasil, mas cria um problema<br />

à CGD, com quem assinou um<br />

CRONOLOGIA DO NASCIMENTO E MORTE <strong>DE</strong> UMA OPA<br />

13 de Janeiro de 2010 16 de Janeiro de 2010 28 de Janeiro de 2010 29 de Janeiro de 2010<br />

Uma comitiva de<br />

representantes da Camargo<br />

Corrêa apresenta uma proposta<br />

de fusão com a Cimpor, que<br />

passaria pela integração do seu<br />

negócio de cimentos no grupo<br />

português. A Camargo não<br />

pretende o controlo da Cimpor,<br />

ao contrário da CSN.<br />

acordo parassocial e que teria de<br />

encontrar um novo parceiro na<br />

estrutura accionista. A saída da<br />

Camargo não aparenta ter implicações<br />

secundárias.<br />

4<br />

CAMARGO E VOTORANTIM<br />

VEN<strong>DE</strong>M A TERCEIROS<br />

Além da CSN, existe uma plateia<br />

de interessados em entrar na<br />

Cimpor: dependendo das várias<br />

circunstâncias poderão estar entre<br />

os potenciais compradores da<br />

posição da Votorantim e da Camargo<br />

Corrêa o grupo suíço Holcim,<br />

Luís Champalimaud, Pedro<br />

Queiroz Pereira ou outro eventual<br />

interessado, incluindo accionistas<br />

queagoravenderamassuasposições<br />

na Cimpor. Qualquer destas<br />

possibilidades iria reconfigurar o<br />

quadro accionista de referência da<br />

Cimpor e impor novos equilíbrios<br />

na gestão da cimenteira portuguesa.<br />

Esta hipótese também<br />

pode ocorrer no cenário 5.<br />

5<br />

CONCORRÊNCIA BRASILEIRA<br />

TRAVA CAMARGO CORRÊA<br />

E VOTORANTIM<br />

As autoridades brasileiras da<br />

concorrência (Cade) tornam-se<br />

intransigentes. Além da investigação<br />

em torno do alegado cartel<br />

entre as maiores cimenteiras presentes<br />

no Brasil – entre as quais se<br />

contam a Cimpor, a Votorantim e<br />

a Camargo Corrêa – o Governo de<br />

Lula da Silva está interessado em<br />

que surjam novos operadores no<br />

mercado, quando o país vai registar<br />

um ‘boom’ no consumo de<br />

cimento, com o Campeonato do<br />

Mundo de Futebol de 2014 e os<br />

Jogos Olímpicos de 2016. Em<br />

guerra contra a concentração<br />

neste mercado, o Cade poderá<br />

obrigaraCamargoCorrêaeaVotorantim<br />

a vender parte dos seus<br />

activos. Se estes grupos não concordarem,<br />

todo o negócio de entrada<br />

na Cimpor poderá cair por<br />

terra. A venda de activos da cimenteira<br />

portuguesa no Brasil<br />

fará accionar a cláusula de recompra<br />

das acções imposta pela<br />

Teixeira Duarte quando vendeu a<br />

sua posição à Camargo, introduzindo<br />

novo factor de reequilibro<br />

de forças internas na empresa. ■<br />

A CMVM notifica a<br />

Camargo a suspender a<br />

sua proposta de fusão<br />

até ao fim da OPA da<br />

CSN. Esta acusa a<br />

Camargo de querer<br />

controlar a Cimpor<br />

através de uma OPA<br />

“encapotada”.<br />

TeminícioaOPA<br />

sobre a Cimpor,<br />

lançada pela<br />

CSN.Aoferta<br />

decorre até 17<br />

de Fevereiro,<br />

sendo conhecido<br />

o resultado no<br />

dia seguinte.<br />

Após notificação<br />

do regulador, a<br />

Camargo decide<br />

suspender a sua<br />

proposta de<br />

fusão com a<br />

Cimpor enquanto<br />

decorrer a OPA<br />

da CSN.

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