NOREVISTA ABRIL 2021
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OPINIÃO<br />
6 ANOS<br />
A<br />
No passado dia 23 de Fevereiro<br />
foi finalmente aprovada, por<br />
unanimidade, a proposta do PAN para<br />
o fim imediato do abate de animais<br />
errantes e de companhia na região<br />
dos Açores. A primeira iniciativa<br />
apresentada pelo PAN/Açores no<br />
Parlamento Açoriano.<br />
Esta é uma luta já de há 6 anos,<br />
quando o recém-eleito deputado Pedro<br />
Neves, enquanto cidadão, levou à<br />
Assembleia Regional dos Açores uma<br />
petição que tinha como objetivo este<br />
mesmo fim e que foi chumbada pela<br />
maioria parlamentar, num golpe muito<br />
duro para o bem-estar e proteção<br />
dos animais nos Açores. Mas não<br />
desistimos!<br />
Muitos terão achado este mais um<br />
ALEXANDRE DIAS<br />
DEPOIS,<br />
VITÓRIA!<br />
capricho do PAN - “aquele partido<br />
animalista”. Não, não é um capricho<br />
considerar que matar um animal “só<br />
porque ele está a ocupar espaço” seja<br />
um ato atroz e que nos dias de hoje<br />
não deve ser tolerável.<br />
São vidas que estão em jogo. Vidas<br />
de animais que têm capacidade de<br />
sentir amor e carinho, de se divertir<br />
e brincar e que, por outro lado, agem<br />
em legítima defesa se se sentem<br />
ameaçados ou sofrem maus-tratos.<br />
Este processo de socialização<br />
entre o ser humano e os animais,<br />
nomeadamente cães e gatos, remonta<br />
há milhares de anos, por altura do<br />
período Paleolítico, quando os cães<br />
ainda eram lobos.<br />
Inicialmente, não foi uma “amizade”<br />
com um início fácil. Na verdade, não<br />
passava de uma troca de interesses:<br />
de acordo com os historiadores, os<br />
lobos andavam atrás do ser humano<br />
por causa dos restos de comida<br />
deixados para trás, pois perceberam<br />
que, assim, conseguiam obter<br />
alimento facilmente. Começaram<br />
então a partilhar o território com o ser<br />
humano que, por sua vez, começou<br />
a sentir-se mais protegido com os<br />
lobos por perto. No fundo, criou-se<br />
uma sinergia entre ambas as espécies.<br />
Resultado? Os lobos deixaram de<br />
caçar sozinhos.<br />
Já com os gatos o processo<br />
foi diferente. Estima-se que a<br />
domesticação dos gatos teve um<br />
forte impulso de agricultores, que os<br />
usavam para proteger as plantações<br />
de cereais de roedores. Mas já antes,<br />
no Egipto, os gatos eram adorados<br />
como se fossem deuses ou entidades<br />
que simbolizavam sorte.<br />
Desta forma, torna-se evidente como<br />
esta sinergia entre ser humano e<br />
animais é já antiga. Mesmo assim,<br />
na nossa sociedade o abandono<br />
de animais ainda é um fenómeno<br />
generalizado. Com o fim do abate<br />
de animais errantes e de companhia<br />
conseguido pelo PAN nos Açores,<br />
estes animais sofrem menos um<br />
atropelo aos seus direitos.<br />
É fundamental que as diferentes<br />
forças políticas sigam o exemplo<br />
do PAN, um partido que reconhece<br />
a estes animais – e todos os outros<br />
– a senciência e capacidades que a<br />
ciência atesta. A verdade é que os<br />
animais têm hoje um papel muito<br />
significativo na nossa sociedade e<br />
que, sem eles, a nossa vida seria<br />
bastante diferente.<br />
23 de Fevereiro de <strong>2021</strong> é, por isso,<br />
uma data que deve ser relembrada<br />
com um momento progressista, um<br />
momento de viragem para possibilitar<br />
o debate de novos temas. Da parte do<br />
PAN, uma certeza: continuaremos a<br />
levar à discussão pública as questões<br />
transversais à nossa sociedade. Uma<br />
sociedade em que se incluem as<br />
Pessoas, os Animais e a Natureza.<br />
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