NOREVISTA ABRIL 2021
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REPORTAGEM<br />
ARTIGO TEMÁTICO REPORTAGEM<br />
| ESTUDO TURISMO<br />
Estudo avalia a perceção dos<br />
residentes em cidades pequenas<br />
sobre a atividade turística<br />
Para os residentes em cidades pequenas,<br />
os impactos socioculturais da atividade<br />
turística são mais importantes do que<br />
os impactos económicos, conclui um<br />
estudo conduzido por investigadores<br />
da Universidade de Coimbra (UC) e do<br />
Instituto Politécnico de Viseu (IPV).<br />
Esta investigação, que teve por objetivo<br />
analisar a relação entre a ligação ao<br />
lugar e os impactos percecionados<br />
pelos residentes em cidades de pequena<br />
dimensão relativamente à atividade<br />
turística, envolveu 350 habitantes de<br />
várias cidades, entre as quais Aveiro,<br />
Covilhã, Figueira da Foz, Gouveia,<br />
Guarda, Leiria, Seia e Viseu.<br />
“A investigação sobre a visão dos<br />
residentes relativamente à atividade<br />
turística é pouco explorada, mais<br />
ainda em cidades de pequena<br />
dimensão. Por isso, este estudo<br />
pretende precisamente colmatar<br />
essa lacuna na literatura e contribuir<br />
para um melhor planeamento destes<br />
destinos que, fruto da pandemia,<br />
vão ter uma maior procura”, afirma<br />
Cláudia Seabra, investigadora e docente<br />
da Faculdade de Letras da Universidade<br />
de Coimbra (FLUC).<br />
Uma explicação para os dados obtidos<br />
no estudo, financiado pela Fundação<br />
para a Ciência e a Tecnologia (FCT),<br />
prende-se com o facto de “nas<br />
pequenas cidades o espírito de<br />
comunidade ainda ser forte. As<br />
pessoas estão mais conscientes dos<br />
efeitos sociais que o desenvolvimento<br />
do turismo tem nas suas vidas<br />
do que os efeitos económicos ou<br />
ambientais. Em geral, as pequenas<br />
cidades têm uma população<br />
pequena e envelhecida, com menos<br />
oportunidades de emprego, cuidados<br />
de saúde e grandes infraestruturas de<br />
comunicação”, afirma Cláudia Seabra.<br />
Nessas comunidades, fundamenta, “as<br />
pessoas geralmente estão ansiosas<br />
para conhecer novas pessoas e se<br />
conectar com outras culturas e<br />
gerações diferentes. Em geral, os<br />
impactos negativos dos grandes<br />
centros urbanos onde milhares<br />
de turistas se aglomeram não são<br />
sentidos. Os turistas são vistos como<br />
pessoas que trazem oportunidades<br />
de negócios, visitando bares,<br />
restaurantes, hotéis e atrações<br />
da região, ao mesmo tempo que<br />
compram produtos locais para levar.<br />
Por outro lado, os turistas são fontes<br />
de rejuvenescimento cultural”.<br />
A docente e investigadora do Centro de<br />
Estudos em Geografia e Ordenamento<br />
do Território (CEGOT) considera<br />
que os resultados deste estudo, além<br />
de contribuírem para uma “maior<br />
consciência dos efeitos que o<br />
desenvolvimento do turismo está<br />
a ter na comunidade dos destinos<br />
das pequenas cidades, porque o<br />
turismo pode ser um desafio para<br />
as pequenas localidades e cidades,<br />
sobretudo de forma sustentável”,<br />
podem ajudar “os gestores a fornecer<br />
benefícios económicos, sociais e<br />
culturais de longo prazo para a<br />
comunidade local, melhorando<br />
a qualidade de vida e, assim,<br />
fortalecendo o lugar e o vínculo com<br />
a comunidade”.<br />
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