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DOIS TIPOS DE FELICIDADE
HELLINGER: Buongiorno. Sei um pouquinho de italiano. Mas falo pelos
olhos. E, às vezes, conto histórias. Histórias sobre homens e mulheres,
talvez vocês possam constatar algo nelas para seus próprios
relacionamentos.
Experimentamos a grande felicidade em uma relação de casal. A felicidade
para o homem é a mulher, e a felicidade para a mulher, assim espero, é o
homem. Naturalmente, existem diversas dificuldades entre eles. Hoje
abordarei essas dificuldades e procuraremos juntos por uma boa solução.
A história que vou contar se chama: Dois tipos de felicidade. A primeira
felicidade é a felicidade entre o homem e a mulher, de uma forma especial.
A segunda parte também, mas com certas diferenças. Posso começar a
contar? Estão ouvindo? Ok.
Na antiguidade, quando os deuses ainda pareciam estar bem próximos dos
homens, viviam em uma pequena cidade dois cantores, ambos chamados
Orfeu. Um deles era o grande. Ele havia inventado a citara, um antecessor
da guitarra, e quando tocava as cordas e cantava, encantava a natureza à
sua volta. Animais selvagens deitavam-se mansos a seus pés. Árvores
altíssimas curvavam-se diante dele. Nada podia resistir à sua música.
Por ser tão grande, cortejava a mulher mais bela. É o que ocorre com os
grandes. Então, ergueu o copo cheio, a mulher era o copo cheio, e levou-o
à boca para beber. No entanto, enquanto erguia o copo, este se quebrou.
Enquanto ainda desfrutava de seu casamento com a bela Eurídice, ela
morreu, e a grande felicidade se foi. Todavia, a morte não foi um obstáculo
para o grande Orfeu. Auxiliado pela sua arte sublime, encontrou o caminho
para o mundo inferior, penetrou o reino das sombras, atravessou o rio do
esquecimento, passou pelo cão do inferno, chegou vivo ao trono do deus
dos mortos e o apaziguou com sua canção. A morte libertou Eurídice, mas
sob uma condição: no caminho de volta; ele não poderia olhar para trás.
Orfeu ficou tão feliz que não percebeu a malícia por trás dessa graça.
Iniciou o caminho de volta e ouviu, por trás de si, os passos da mulher
amada. Passaram ilesos pelo cão do inferno, atravessaram o rio do